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A Rede anuncia um novo programa com apoio do Ministério de Relações Exteriores da Holanda: Programa Giving for Change (Doar para Transformar)

Por Graciela Hopstein e Betina Sarue

A Rede de Filantropia por Justiça Social iniciou em 2021 o Programa Giving for Change (GFC) com apoio da cooperação holandesa. O GFC é liderado por um consórcio internacional composto por quatro organizações que serão responsáveis pela coordenação geral: Global Fund for Community Foundations (GFCF), African Philanthropy Network (APN); Kenya Community Development Foundation (KCDF) e a Wilde Ganzen (WG). O Programa terá duração de cinco anos e um orçamento total de 24 milhões de euros, e foi selecionado pelo Ministério de Relações Exteriores da Holanda no âmbito do edital Power of Voices (Poder das Vozes). Será desenvolvido em oito países do Sul Global: Brasil, Burkina Faso, Etiópia, Gana, Quênia, Moçambique, Palestina e Uganda. Certamente a participação do Brasil no contexto deste Programa é significativa na proposta de fortalecer a cooperação Sul-Sul.

O Programa tem como objetivo principal promover a filantropia comunitária e de justiça social como estratégia para alcançar o desenvolvimento liderado pelas comunidades, fortalecendo a reivindicação de direitos. Pretende, com isso, desafiar a noção de que o desenvolvimento é algo que é “feito para as comunidades” por atores externos. Nesse sentido, serão construídas evidências em torno de novos pensamentos, abordagens e lideranças que apoiam o desenvolvimento da filantropia comunitária e de justiça social.

O Programa está estruturado em três eixos de atuação:

1. Apoio ao poder das comunidades locais a partir de atores da sociedade civil, entendendo a filantropia comunitária como uma forma de expressarem as suas opiniões, reivindicarem direitos e manifestarem solidariedade e dissidência;

2. Incidência sobre atores nacionais, sejam governos, filantropos, organizações da sociedade civil ou doadores individuais, a fim de fortalecer a agenda da filantropia comunitária voltada para promoção de direitos humanos;

3. Incidência sobre atores internacionais, influenciando a cooperação internacional para o desenvolvimento, e pautando a valorização da filantropia comunitária e apropriação local dos processos de desenvolvimento.

“Em um contexto global de redução do espaço cívico, Giving for Change incentivará as organizações da sociedade civil, incluindo especialmente às organizações de direitos humanos, a valorizar e adotar a mobilização de recursos locais como forma de fortalecer sua posição, com fortes raízes nas comunidades e redes locais.”, afirma Jenny Hodgson, diretora executiva do GFCF, uma das instituições que integram o consórcio.

Com ações voltadas ao fortalecimento da filantropia comunitária e da justiça socioambiental, o programa desenvolvido no contexto da Rede terá a finalidade de fortalecer essas agendas junto com diversos parceiros em nível local, regional e internacional, buscando promover debates e desenvolver iniciativas sobre a cultura de doação junto com os atores envolvidos.

As atividades previstas incluem tanto o desenvolvimento de programas de apoio como de fortalecimento de capacidades voltados para organizações que atuam no campo da filantropia comunitária e da justiça socioambiental que mobilizam recursos de fontes diversificadas, envolvendo as comunidades e as suas práticas de articulação junto a atores locais. O GFC prevê o desenvolvimento de ações coordenadas (entre os diversos países envolvidos) de incidência direcionadas aos ecossistemas filantrópicos nacionais, no campo dos direitos humanos e da justiça socioambiental, e no contexto de organizações internacionais tanto das agências internacionais, como do campo da filantropia. Certamente, a produção de conhecimento, a troca de experiências e as parcerias com atores estratégicos que atuam no campo serão os elementos chave que não apenas guiarão as ações, mas que garantirão o sucesso do Programa.

Acreditamos que o GFC será uma grande oportunidade de fortalecer a filantropia comunitária e de justiça social, valorizando as práticas de fomento (grantmaking), entendidas como uma estratégia para apoiar a sociedade civil, com foco em minorias políticas que atuam no campo dos direitos, e dessa forma fortalecer a democracia brasileira.

Graciela Hopstein é Coordenadora executiva da Rede de Filantropia para a Justiça Social

Betina Sarue é Assessora de programas da Rede de Filantropia para a Justiça Social

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