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Comunicando a filantropia de justiça social: desafios, soluções e oportunidades

Por Camila Guedes

Sem dúvidas, a comunicação é uma ferramenta fundamental para ampliar e fortalecer o impacto do trabalho desenvolvido no campo da filantropia comunitária e de justiça social em prol da defesa de direitos. No cotidiano do comunicar, através do olhar dos comunicador@s das organizações membro da Rede de Filantropia para a Justiça Social (RFJS), se destacam diferentes desafios, soluções e oportunidades.

Conseguimos definir um consenso quando o assunto são os processos desafiadores para comunicador@s na RFJS: uma narrativa que contemple a promoção e sensibilidade pelo público acerca das diversas agendas e que também alcance a mobilização de recursos, ambos essenciais para a fortalecimento dos projetos. “Dentre os desafios, está a construção de narrativas claras, acessíveis e engajadoras que traduzam e afirmem o conceito da filantropia de justiça social para os diferentes atores/públicos. Também se encontra o desafio de comunicar o papel de uma organização de grantmaking, como a Tabôa, que atua facilitando o acesso a recursos financeiros e saberes para que a comunidade se fortaleça como protagonista dos processos de desenvolvimento em seus territórios.” pontua Simone Amorim, Gerente de Comunicação do Tabôa Fortalecimento Comunitário.

Desafio semelhante encontra a comunicadora Grace Luzzi, do Fundo Brasileiro de Educação Ambiental (FunBEA), conectando com a agenda que a organização atua “Estamos trabalhando com o desafio de fazer entender a necessidade de apoiar movimentos socioambientais conectados com territórios na Mata Atlântica, como o Litoral Norte de São Paulo.”

No Instituto Procomum, a coordenadora de comunicação, Isabella Luz, pontua que expressar os diversos temas abraçados pela organização é também um desses obstáculos “Nosso principal desafio é conciliar a divulgação, a promoção das ideias e a tradução dos termos conceituais que permeiam nossa atuação como instituto. E o desafio torna-se ainda maior por tratarmos de temas interseccionais e interdisciplinares. Entendemos como nossa missão também a difusão dos temas que permeiam o comum, logo é pilar do nosso trabalho também a busca na aderência a esses conceitos através das nossas ações e também da comunicação.”

Alguns destes pontos foram identificados na publicação “Os desafios na comunicação da filantropia comunitária e de justiça social”, material lançado pela RFJS no ano de 2021 que contribuiu para mapear, analisar os desafios e dar visibilidade às estratégias desenvolvidas na comunicação dos membros em favor da filantropia comunitária e de justiça social, construído a partir de entrevistas com as organizações da Rede. A publicação consolidou três principais questões na perspectiva das organizações: de que é preciso produzir narrativas que sensibilizem pessoas e organizações para a doação; que estas narrativas defensoras de direitos humanos não sejam recebidas de forma a receber ataques reputacionais; e as novas tecnologias da informação e comunicação.

Estratégia é ponte na travessia dos obstáculos

Traçar um planejamento para navegar pelos desafios é o que contribui para que a comunicação consiga ser efetiva e atingir seu propósito. É o que identificam Harley Henriques, coordenador geral, e Elida Miranda, coordenadora de projetos do Fundo Positivo: “Ao longo dos anos, o Fundo construiu alguns legados: consolidou uma rede de projetos nacionais diversificados e imagem institucional, além da própria plataforma digital de gerenciamento de projetos. Ao nos estruturarmos desta forma, e com estes claros objetivos, oferecemos uma real possibilidade de corresponsabilização entre diferentes setores da sociedade, de modo que todos eles possam contribuir com uma causa social, tornando-se também mantenedores desta ação. Um exemplo é o projeto Saúde Positiva, que visa democratizar o acesso a informações a respeito de pesquisas e novidades biomédicas sobre

o tema para pessoas vivendo com HIV/AIDS, lideranças comunitárias de Organizações da Sociedade Civil e demais interessad@s.”

Com objetivos traçados, Isabella diz que o Procomum entende os obstáculos e define a forma de comunicar para sua meta de colaboração para a transformação social: “Nossa estratégia é sempre afirmar a lente do comum. Podemos dizer que trabalhamos a comunicação não somente para divulgar uma determinado projeto ou ação institucional, mas também para demonstrar o nosso jeito de fazer através da pedagogia do comum, que foi sistematizada no decorrer dos anos e permite que as coisas que experimentamos e prototipamos por aqui possam ser replicadas em outros territórios. Um exemplo muito poderoso, que demonstra essa nossa forma de comunicar, é a Colaboradora Artes e Comunidades, nossa escola de arte de formação livre do Instituto. O projeto está na sua 4ª edição, tendo sempre como

“jeito IP de fazer” uma chamada pública feita nas redes sociais, nosso site, imprensa e boca a boca com divulgação des artistes selecionades.”

As experiências do Fundo Positivo e do Instituto Procomum conversam com o que vem sendo realizado também pela comunicação do Tabôa: “As estratégias incluem produção de narrativas sobre impactos e resultados, baseadas em evidências e histórias de transformação, articulação de processos de produção colaborativa de comunicação, amplificando vozes da comunidade, geração e disseminação de conhecimentos, com o fortalecimento de capacidades de comunicação de atores comunitários. Uma experiência já realizada que se alinha com a nossa estratégia é a Rede de Cooperação Comunitária, um projeto que contou com o apoio da Rede de Filantropia para a Justiça Social e teve como foco o fortalecimento de uma rede comunitária de enfrentamento da Covid-19 em Serra Grande (Uruçuca, BA).

Por meio de ações de comunicação e mobilização comunitária e de apoio a famílias em situação emergencial, quatro coletivos locais somaram forças para minimizar os efeitos da pandemia na comunidade.” afirma Simone.

Comunicação unida é fortalecida

A Rede tem buscado fomentar espaços de diálogo entre as organizações membro, e isso se estende aos comunicador@s. Além da Comunidade de Práticas de Comunicação e Narrativas, iniciada no ano de 2021, recentemente foram iniciados encontros mensais, em um formato mais dinâmico, pautado em conversas acerca do dia a dia da comunicação, no sentido de promover conexão e construção.

A comunicadora Grace destaca que os espaços de debate promovidos pela RFJS têm sido fundamentais para conexão e troca de experiências entre as organizações membro, contribuindo para o desenvolvimento das diversas pautas coletivas e favorecendo para que cada um possa cortar caminho para o outro, favorecendo a comunicação no dia a dia sobre a filantropia para a justiça social.

“A produção de comunicação em rede – por meio da articulação das organizações que compõem a RFJS – surge como uma oportunidade de avançarmos no fortalecimento e disseminação de uma narrativa sobre a filantropia de justiça social que possa incidir tanto em agendas locais quanto nacionais.”

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