Por Diane Pereira Sousa
O título deste texto é a primeira definição da Rede Comuá sob o meu olhar. Os caminhos para escolher se definir como rede são muitos, mas eu ficarei com aquele que conecta e amplia. Esse texto que segue em linha horizontal pretende conversar com você sobre como se constrói saberes a partir de uma filantropia comunitária decolonial. Não estamos desenhando receitas, na verdade o que pretendemos é construir espaços com possibilidades.
São muitas as formas de se fazer filantropia, são poucas as pessoas que reconhecem isso. Eis aqui nossa primeira fronteira. Quando me refiro a pessoas, estou reconhecendo a existência de um sistema, modo, qualificação objetiva sobre o que significa filantropia para quem a reconhece e não exatamente para quem a faz.
Espaços como o do Seminário Filantropia, Justiça Social, Sociedade Civil e Democracia, estabelecem a necessidade atual de se reconhecer as filantropias que são geradas por dentro dos territórios desse país.
Quando olho para o território de atuação do Instituto Comunitário Baixada Maranhense e percebo as relações que se estabelecem cotidianamente como construções sólidas, resultado da interação humana, que só é possível porque estamos em um território de saberes ancestrais que permitem entender desenvolvimento como ato coletivo e nunca individual, essas definições estabelecem de forma muito concreta os espaços em que nossa organização consegue estar. Pautar e não apenas ser pauta, reconhecer e construir espaço para que líderes e organizações que têm o território como sua fonte de produção intelectual que se constrói não no tempo de realização do projeto, mas muito antes, porque é no território ancestral que nos fortalecemos. E por território entendemos terra, gente e tempo.
É o momento de entendermos de um jeito ou de outro que existe saber dentro das comunidades, que não é inferior, é de igual modo importante assim como os que são produzidos nos grandes centros. Para que caminhemos para a redução das desigualdades é necessário que quem está alocado no crescimento decresça, porque só assim nossas comunidades crescerão. Decrescer neste caso não significa perder, vou dar um exemplo dinâmico, você que possui o caminho repleto de desenvolvimento, pode aumentar a sua mesa e parar de construir as cercas.
Para nós estar na rede é valioso. Como comunidade nós construímos de forma circular. É isso que nos fortalece.
Diane Pereira Sousa é professora, Ashoka Fellow, Presidenta do Instituto Comunitário Baixada Maranhense e Diretora do Instituto Formação.
*Texto originalmente publicado no site da revista digital Alliance em inglês e traduzido para o blog da Rede Comuá: ,https://www.alliancemagazine.org/blog/building-horizontal-spaces-to-share-knowledge/