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Novos estudos destacam tendências e mudanças no campo da filantropia e da cultura de doação

Estudos e pesquisas divulgados recentemente demonstram lugares e tendências da filantropia a partir da emergência da pandemia da covid-19.

A partir de diálogos conduzidos ao longo do 11º Congresso GIFE e da atuação dos associados, em diversos espaços, a organização produziu uma aprofundada reflexão sobre o presente e o futuro das agendas estratégias, reconhecendo limites, desafios, temas e iniciativas que demandam atenção e foco nos próximos anos.

A publicação Horizontes e prioridades para a filantropia e investimento social no Brasil destaca como a pandemia da covid-19 tem estimulado a sociedade a olhar para as desigualdades do país.

De acordo com o documento, o efeito da atuação na resposta emergencial pela filantropia contribuiu para ampliar e aprofundar o entendimento de que a solução de desafios complexos requer visão sistêmica e disposição para produzir respostas de modo articulado e colaborativo.

Ganham destaque então debates sobre a ampliação da capacidade da filantropia para produzir mudanças sistêmicas no país – econômicas, sociais e ambientais.

A adoção de práticas de filantropia colaborativa e comunitária, a ampliação do grantmaking, a cooperação com a gestão pública, o desenvolvimento de práticas e culturas avaliativas, a produção e compartilhamento de aprendizados, a ampliação da capacidade de comunicação e de incidência na agenda pública e o aprimoramento dos processos de governança e gestão são frentes estruturantes destacadas pelo documento para o desenvolvimento do setor.

Outros estudos e pesquisas sobre as respostas do investimento social à filantropia foram também elaborados pelo GIFE e por atores do setor e divulgados ao longo de 2021.

Pesquisa Doação Brasil 2020

A Pesquisa Doação Brasil 2020, coordenada pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), foi realizada no início de 2021, e reflete as ações e o comportamento do doador individual brasileiro ao longo de 2020.

A partir da pesquisa original realizada em 2015 pelo IDIS, a proposta é repetir a pesquisa a cada cinco anos para acompanhar a evolução da cultura de doação no país.

Os dados demonstram que, entre 2015 e 2020, o percentual de doadores de todos os tipos (dinheiro, bens e trabalho voluntário) caiu para 66%, enquanto em 2015 o número apurado era de 77% da população.

A queda é atribuída à prolongada crise social e econômica no país. A doação para organizações e iniciativas socioambientais encolheu entre as classes menos favorecidas, mas cresceu entre as classes com renda mais alta.

Segundo a pesquisa, em 2015 o valor total doado por indivíduos foi de R$ 13,7 bilhões (0,23% do PIB). Em 2020, esse valor foi de R$ 10,3 bilhões (0,14% do PIB deste ano).

Os dados refletem ainda uma mudança de prioridades dos brasileiros em relação às causas, possivelmente efeito da pandemia. Em 2015, saúde e crianças ocupavam preferência para doação. Já em 2020, o combate à fome e à pobreza foi citado por 43% da população como causa mais sensibilizadora.

O grande destaque da pesquisa apontado pelo IDIS diz respeito ao aumento da confiança dos brasileiros nas Organizações da Sociedade Civil (OSCs) – 45% concorda que as OSCs deixam claro como aplicam seus recursos. Em 2015, esse percentual era de apenas 28%.

Na pesquisa de 2020, mais de 80% acredita que o ato de doar faz diferença. Entre os não doadores, esse percentual chega a 75%. A percepção de que as OSCs são necessárias no combate a problemas socioambientais mobilizou 74% dos entrevistados. Em 2015, esse percentual era de 57%.

World Giving Index 2021

O Ranking Global de Solidariedade – World Giving Index 2021 aponta como país mais generoso a Indonésia, seguido de Quênia e Nigéria.

Um ponto de destaque assinalado pelo ranking é o número recorde de pessoas que relataram ter ajudado um desconhecido em 2020: 55% da população adulta do mundo, o equivalente a mais de 3 bilhões de pessoas.

A pesquisa aponta também que mais pessoas doaram dinheiro em 2020 do que nos últimos cinco anos – 31%. Os níveis de voluntariado praticamente não tiveram alteração em nível global.

O Brasil ficou em 54º lugar em 2021, subindo 14 posições desde 2018. Cerca de 63% dos brasileiros ajudaram uma pessoa desconhecida, 26% fizeram doações em dinheiro e 15% atuaram de forma voluntária.

O World Giving Index é realizado pela organização britânica CAF (Charities Aid Foundation) desde 2019, e no Brasil é representado pelo IDIS. A iniciativa já entrevistou mais de 1,6 milhão de pessoas, fazendo a cada uma delas três perguntas: você já ajudou um estranho, doou dinheiro a uma organização social ou fez algum tipo de trabalho voluntário no mês passado?

A edição de 2021 incluiu dados de 114 países, representando mais de 90% da população adulta global.

BISC 2020

A pesquisa BISC 2020 (Benchmarking do Investimento Social Corporativo), realizada pela Comunitas, destaca o crescimento de 13% nos investimentos sociais e o fortalecimento dos programas de voluntariado corporativo.

Iniciada em 2008, a BISC é resultado de uma parceria entre a Comunitas e um conjunto de empresas e visa contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da gestão e avaliação do Investimento Social Corporativo no Brasil.

Os dados da BISC 2020 revelam que o desenvolvimento local e a educação se destacam entre as causas prioritárias dos stakeholders, e nessas duas frentes atuam cerca de 80% das empresas do grupo.

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