Por Joana Mortari
Membro do Comitê Coord. do Movimento por uma Cultura de Doação e Diretora da Associação Acorde
Em meio à sua formação, em 2011, o Movimento por Uma Cultura de Doação – então um grupo de cinco instigados a fortalecer a doação no Brasil – sentíamos falta de falar com as pessoas ‘lá fora’ e de coletar dados sobre o doar brasileiro. No ano anterior havia acontecido uma pequena campanha na já extinta Feira de ONGs. Ao mesmo tempo, a ABCR fazia contato com a 92nd Y, centro comunitário americano onde nasceu o GivingTuesday. Como grupo, decidimos juntar todos os esforços: um nome da campanha brasileira com a tecnologia e força americanas. Assim surgiu o Dia de Doar, a quinta campanha a se associar no que hoje é uma expressiva rede de mais de 150 países que promovem o GivingTuesday.
Para os americanos, a ideia é criar um movimento de doação depois da onda de compras gerada pela Black Friday e a Cyber Monday. Para nós, do Movimento, o Dia de Doar é uma oportunidade de levar para os quatro cantos do Brasil a conversa sobre o doar provocando a identificação de cada indivíduo-cidadão com seu poder de agir sobre os desafios sociais por meio de uma causa.
Com o passar dos anos, este primeiro projeto-comum do Movimento se fortalece na ABCR, uma organização essencial para o campo. O Movimento também cresce, outras frentes se abrem, pessoas se juntam. Em 2017 lançamos o primeiro edital do Fundo Bis, que tem como missão promover a cultura e a prática da doação no país.
O Dia de Doar e o Fundo Bis expressam, desde sua concepção, ideais que se fizeram mais nítidos com um outro projeto comum do Movimento, o documento Por um Brasil + Doador, Sempre, elaborado pela Força-Tarefa e publicado em agosto de 2020. Desde o lançamento do documento, passamos a olhar os projetos do Movimento por meio da lente das cinco diretrizes que ele propõe para o amadurecimento da Cultura de Doação no Brasil.
Constatamos, por exemplo, que qualquer campanha do Dia de Doar cria uma oportunidade de doação, recomendação da diretriz Educar para a Cultura de Doação, além de criar Narrativas Engajadoras que levam a conversa sobre doar para o dia-a-dia de cidades, bairros, escolas, empresas. Os recursos captados por meio da campanha – em sua grande maioria de natureza livre e institucional – contribuem para Fortalecer as Organizações da Sociedade Civil.
Hoje somos mais de 150 pessoas e organizações no Movimento, trocando inteligência, fazendo junto e se inspirando e apoiando uns com os outros no caminhar para um país “onde pessoas doam generosamente. Onde causas e organizações recebem recursos necessários para cumprir seu papel e compor uma sociedade civil organizada, vibrante, potente e autônoma, fortalecendo, assim, a democracia”[1].