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O que a filantropia comunitária e de justiça socioambiental nos ensinam sobre mobilização para tragédias climáticas

O que a filantropia comunitária e de justiça socioambiental nos ensinam sobre mobilização para tragédias climáticas

Foto: QuietWord / Adobe Stock

Por: Mônica C. Ribeiro

A tragédia que tomou o estado do Rio Grande do Sul neste último mês demonstrou o que está por se tornar comum e frequente no país e no mundo caso medidas de adaptação à mudança climática não sejam adotadas e implementadas com brevidade nos territórios.

As populações e territórios mais duramente afetados, com perda de vidas inclusive, são as mesmas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. São essas populações que precisam acessar recursos, financeiros e/ou de outra natureza, para implementar soluções que tornem seus territórios seguros e prontos para essas adversidades.

A mobilização efetivada em pouco tempo por organizações da sociedade civil para arrecadar recursos para movimentos, coletivos e associações que estão na linha de frente no Rio Grande do Sul demonstra como a filantropia comunitária é parte importante da mobilização de soluções nessa agenda.

Organizações membro da Rede Comuá se moveram rapidamente nessa direção, já conhecedoras e parceiras de outras organizações e movimentos da sociedade civil nos territórios afetados, desenhando soluções para fazer com que os recursos cheguem aonde precisam chegar.

A BrazilFoundation reabriu o Fundo Luz Alliance, criado em parceria com Gisele Bündchen, para receber doações de dentro e fora do Brasil. O Fundo foi criado em 2020 para fornecer ajuda humanitária a famílias afetadas pela pandemia no Brasil, e em 2021 passou a apoiar projetos de proteção e regeneração do meio ambiente. Nesse momento de urgência, passou a ser utilizado para ajudar famílias atingidas no Rio Grande do Sul.

O Fundo Brasil e o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) se uniram para arrecadar doações para as vítimas das enchentes. O valor arrecadado será enviado integralmente para o MAB, com objetivo de estruturar o trabalho das brigadas e comprar comida, água e outros materiais essenciais para a população atingida.

O Fundo Casa Socioambiental lançou o Fundo Reconstruir RS, que visa apoiar as comunidades locais e tradicionais afetadas pelas enchentes em quatro eixos estratégicos: Iniciativas comunitárias para a geração de renda; Agricultura familiar e agroecologia; Infraestrutura comunitária; e Apoio psicossocial e de saúde mental.

O ICOM (Instituto Comunitário Grande Florianópolis) abriu um fundo comunitário emergencial para doações, em fase emergencial, com objetivo de apoiar organizações parceiras no território quando as águas baixarem. 

O Fundo Positivo se mobilizou para arrecadar e doar recursos para todas as organizações com as quais atuam no território, usados para compra de água, alimento, roupas e tudo o que for urgente para a população LGBTQIA+ e pessoas vivendo com HIV, foco do trabalho dessas organizações.

Muitas outras organizações que atuam nos territórios afetados estão mobilizadas e atuando para ações emergenciais comunitárias. A Rede Comuá compilou uma relação delas aqui.

Organizações doadoras independentes mobilizam recursos para a base e seus territórios

A doação de recursos, financeiros ou de outra natureza, para organizações, movimentos e associações da sociedade civil em seus territórios é fundamental para gerar transformações.

A filantropia comunitária e de justiça socioambiental busca, justamente, garantir que esses recursos cheguem aonde precisam chegar de modo simples, desburocratizado e em conexão com as reais necessidades dos territórios.

Fundos e fundações que atuam desta forma são mecanismos potentes em parceria com os territórios, contribuindo para a transformação de suas realidades. Oferecem soluções para garantir que os recursos realmente cheguem na base.

A questão climática, que é a questão de nosso século, tem suas consequências e efeitos extremos sentidos em todo o mundo, mas de formas e intensidades diversas a depender dos grupos sociais e territórios. As populações mais vulneráveis às consequências da desigualdade socioeconômica são também as que mais sofrem com os efeitos climáticos.

Os membros da Rede Comuá já atuam como organizações independentes doadoras e parceiras dessas organizações, movimentos e territórios, implementando soluções em parceria, com escuta ativa e confiança, a partir da doação de recursos originados de fontes diversificadas.

Desse modo, em situações emergenciais como essa vivida pelo Rio Grande do Sul, a filantropia comunitária e de justiça socioambiental é estratégica como mecanismo gerador de soluções que façam o recurso chegar, ao já conhecer caminhos, movimentos e lideranças e modos de operacionalizar rapidamente as doações. E ao atuar em rede, sendo os recursos emergenciais ou focados na reconstrução futura.

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