Por Mônica C. Ribeiro
Como o ISP (Investimento Social Privado) pode fortalecer a filantropia comunitária?
A partir desta pergunta, a Rede Comuá, em parceria com o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) vem desenvolvendo uma iniciativa que tem por objetivo promover a agenda da filantropia comunitária no campo do investimento social privado.
O ponto de partida foi a elaboração de um diagnóstico, que contou com a participação de investidores sociais e de fundos comunitários e de justiça socioambiental, que teve a finalidade de mapear abordagens e práticas de filantropia comunitária que possam servir de base para construir e fortalecer essa agenda.
Em fevereiro foi realizada a última etapa do processo, voltada para a cocriação de uma agenda contendo diretrizes e estratégias. O encontro contou com a presença e contribuição de dezenas organizações do campo do ISP (associados do GIFE) e da filantropia independente (Rede Comuá).


Encontro “Como o ISP (Investimento Social Privado) pode fortalecer a filantropia comunitária?” realizado em 02/2023 em São Paulo
“Filantropia comunitária é um conceito em constante construção. É uma forma de fazer filantropia, através de estratégias diversificadas de grantmaking ligadas às características e demandas dos diversos territórios, atores e comunidades envolvidas, a partir de processos de escuta e de construção coletiva, fazendo com que os recursos cheguem realmente às comunidades. Assim, os financiadores se tornam parceiros das comunidades”, define Graciela Hopstein, diretora executiva da Rede Comuá.
Durante o processo de cocriação da agenda, os participantes foram chamados a refletir sobre o que dificulta e o que fortalece a prática da filantropia comunitária.
Destacaram-se como fatores dificultadores a distância e o desconhecimento dos financiadores sobre lógica e práticas da filantropia comunitária, a dificuldade em estabelecer relações de confiança com organizações apoiadas e o fato de a cultura de trabalho em parceria com organizações com vínculos com o território ser ainda pouco desenvolvida.
“Temos fundos que trabalham em articulação com os movimentos de base comunitária para fazer chegar recursos na ponta. O ISP pode se aproximar e trabalhar junto com essas organizações, por exemplo, e essa conexão pode contribuir para capilarizar a distribuição de recursos”, pontua Graciela.


Reflexão entre grupos durante o encontro “Como o ISP (Investimento Social Privado) pode fortalecer a filantropia comunitária?”
realizado em 02/2023 em São Paulo
Para Cássio França, secretário geral do GIFE, “Filantropia comunitária é muito mais um modo de fazer com base nas origens e na governança dos recursos. Para isso, é fundamental a valorização do papel das comunidades, de suas lideranças e de seus ativos na promoção de ações voltadas ao desenvolvimento sustentável daquele determinado território. Os achados deste estudo inédito certamente contribuirão para o fortalecimento da filantropia comunitária no Brasil, que tem um vasto campo para crescimento no país.”
Iniciado em 2022, o levantamento de informações está baseado na realização de entrevistas e análises envolvendo fundações e institutos empresariais, familiares e independentes. O objetivo é trazer um diagnóstico completo sobre desafios e oportunidades para o fomento da filantropia comunitária junto ao ISP.
O diagnóstico deverá ser concluído ainda no final deste semestre, quando será lançada uma publicação com os principais achados e oportunidades para o fortalecimento da agenda da filantropia comunitária. O material trará cases referência para a inclusão de abordagens e práticas de filantropia comunitária.