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Rede Comuá lança a segunda turma do Programa Saberes, com nove participantes

Rede Comuá lança a segunda turma do Programa Saberes, com nove participantes

Por: Yasmin Morais

Em 2023, a Rede Comuá lançou a primeira edição do Programa Saberes. Em sua turma inaugural e experiência piloto, foram apoiadas sete pessoas pesquisadoras com a finalidade de promover a produção e compartilhamento de saberes a partir da sistematização de , práticas, experiências e reflexões sobre tecnologias sociais e ancestrais que impulsionam as agendas da filantropia comunitária e de justiça sociambiental no ecossistema filantrópico brasileiro. 

Além de demonstrar a potência de experiências e saberes comunitários, o Programa tem como objetivo identificar e valorizar práticas filantrópicas e arranjos colaborativos articulados com as comunidades (em seu sentido amplo, incluindo grupos, movimentos e redes da sociedade civil) nas agendas de acesso e reconhecimento de direitos humanos e de cidadania, com foco em minorias políticas. Além da produção de conhecimentos, apoiada por pessoas mentoras experientes nos campos de atuação de cada pesquisador, as pessoas participantes integram também uma comunidade de práticas constituída como espaço de aprendizagem, colaboração e difusão de conhecimento.

Na primeira turma, esses saberes foram valorizados e aprofundados ao longo das pesquisas desenvolvidas pelas pessoas participantes. Como apresentado no texto de encerramento da primeira turma do Programa, “foi emocionante perceber  o impacto que as pesquisas tiveram e podem ter nos territórios em que [as pessoas participantes] estão inserides. Esses aprendizados desenharam conexões que se multiplicarão para além do programa, impulsionando a continuidade das ações e o fortalecimento das trajetórias”.

Convocatória e Seleção Saberes 2024

Entre os dias 30 de outubro e 30 de novembro de 2023, a Rede lançou uma nova convocatória no formato de uma chamada aberta. Após diversos aprendizados do primeiro processo de seleção, via carta convite, a chamada aberta nos permitiu alcançar novos públicos e territórios. Recebemos, no total, 130 propostas válidas. O perfil das pessoas candidatas reflete os objetivos do Programa, com propostas de candidates de 18 estados mais Distrito Federal, sendo 54% de fora do eixo Sul-Sudeste. Além disso, 95% representam uma ou mais minorias políticas, 56% se autodeclarando pessoas negras, 44% LGBTQIAPN+, e 6% indígenas. 

As propostas foram avaliadas a partir dos seguintes critérios: (1) Alinhamento das propostas com os objetivos da Convocatória Saberes; (2) Potencial de replicabilidade de experiências e de multiplicação do conhecimento; (3) Criatividade e relevância dos produtos/entregas; (4) Contribuição na resolução de “lacunas” do saber relevantes para a filantropia comunitária e de justiça social e (5) Coerência e viabilidade das propostas apresentadas. Além disso, também foram considerados critérios de valorização das propostas, entre eles: (1) A pessoa proponente é representante de um grupo minorizado (mulher, LGBTQIAPN+, pessoa com deficiência, população negra, indígena, comunidades tradicionais, etc; (2) A pessoa proponente é original das regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste do país; (3) A pessoa proponente é oriunde de territórios periféricos e/ou zonas rurais e (4) A pessoa é integrante ativa de movimento/coletivo/associação da sociedade civil.

A turma Saberes 2024

Como resultado do processo de seleção e pela alta qualidade das propostas recebidas, o Programa Saberes 2024 apoiará nove pessoas, de seis estados e territórios diversos. Todas as pessoas representam uma ou mais minorias políticas e estão ativamente engajadas com um movimento social, coletivo e/ou organização da sociedade civil – de fundos filantrópicos a organizações advindas do jornalismo periférico e redes de ativistas. 

Por fim, os temas pesquisados também são diversos, associados a mobilização de recursos, engajamento e desenvolvimento institucional; grantmaking/apoio a organizações da sociedade civil, lideranças, movimentos sociais; filantropia, democracia e acesso a direitos; diversidade e inclusão na filantropia; entre outros. Como produtos das pesquisas, as propostas de bolsistas se assemelham às ideias da primeira turma, fugindo de formatos acadêmicos tradicionais como única possibilidade de produção de conhecimento. Na segunda turma, teremos participantes desenvolvendo cartilhas, campanhas em redes sociais, mini documentários, e-book, podcasts, oficinas, rodas de conversa, entre outros produtos.

A turma Saberes 2024 será composta por:

  • Albert França da Costa: A dificuldade de acesso dos movimentos sociais a recursos e a construção de uma nova cultura política de doação

Albert é estudante, pesquisador e ativista engajado há 7 anos nas lutas sociais. Militante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e Coordenador da Pacová – Articulação de Cooperação do Campo à Cidade, tem se dedicado intensamente à causa da justiça social. Também foi Diretor de Meio Ambiente da União dos Estudantes da Bahia.  Atualmente, está explorando o ecossistema filantrópico, se informando de como pode buscar recursos para fortalecer a luta social, sempre com o objetivo de promover justiça e igualdade na  sociedade.

  • Anderson Meneses: Tijolo por Tijolo: a experiência de criar uma comunidade de apoiadores sociais para o fortalecimento do jornalismo local e periférico

Anderson Meneses é formado em Publicidade e Propaganda e cofundador da Agência Mural, uma organização de jornalismo independente, que desde 2010 tem como missão minimizar as lacunas de informação e contribuir para a quebra de preconceitos sobre as periferias. Atualmente é responsável por experimentar novas formas de fazer o jornalismo aliado a tecnologias e negócios. Já criou produtos e projetos com diferentes marcas, como Spotify, Meta, Google, Instituto Unibanco, Consulado Americano, Ambev, entre outras. E por 7 anos, desenvolveu a estratégia de mídias sociais do portal Catraca Livre.

  • Carolina Farias: Minha História de Doação

Carol é responsável pela liderança do Dia de Doar no Brasil, fomentando a prática de filantropia comunitária nos mais diversos tipos de comunidade por todo o país. Por essa ocupação também assume a liderança do submandato do Dia de Doar no Movimento por Uma Cultura de Doação. Além disso, alimenta diariamente o Monitor das Doações da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR). Formada em Jornalismo pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, foi selecionada como melhor aluna do curso e fez pós-graduação em Direção de Arte em Comunicação. Tem experiência em consultoria e execução de estratégias para comunicação no terceiro setor, assim como na gestão de projetos e produção audiovisual focada em narrativas transformadoras. Como produtora atuou no documentário “O Menino e o Mundo: A Viagem Sonora”, transmitido no programa Campus em Ação, da TV Cultura, e selecionado pelo Festival Mimo 2018 para ser reproduzido em quatro cidades diferentes do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Paraty e Olinda). Além disso, dirige a área de produção executiva e direção de arte da REALI7E Records e da SOUL ART Videos. Na área da cultura, é responsável pela curadoria de conteúdo e pelo gerenciamento de redes sociais do portal de comunicação de arte SOUL ART.

  • Daiany França Saldanha: ISP e leis de incentivo: explorando as relações entre investidores e ONGs do Nordeste

Daiany é cearense inquieta, empreendedora social por natureza, professora e profissional da saúde por formação, pesquisadora, escrevedeira, eterna aprendiz e ativista das Organizações da Sociedade Civil (OSCs/ONGs). Doutoranda e mestra em Mudança Social e Participação Política pela EACH-USP, Fundadora de ONG e do Líderes Esportivos. Em 2022, foi uma das três brasileiras vencedoras da competição mundial Alumni Engagement Innovation Fund (AEIF) e em 2021 foi uma dos 18 brasileiros eleitos para o programa Jovens Líderes das Américas (YLAI), ambos promovidos pelo governo dos Estados Unidos. Organizadora do livro “Projetos Sociais para Crianças e Adolescentes” (2018) e autora de capítulos e artigos sobre gestão de projetos, desenvolvimento institucional de ONG e empoderamento de meninas e mulheres por meio do esporte.

  • Emilly Mel Fernandes de Souza: JUSTAS – Transfobia ambiental e justiça climática para pessoas trans: o que as organizações da sociedade civil e o movimento trans nos ensinam?

Psicóloga Clínica graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte além de Mestre em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. É colaboradora da associação Attransparência/RN, ligada à luta pela cidadania das pessoas trans potiguares. Seus temas de pesquisa estão voltados à fenomenologia, existencialismo, gênero, sexualidade, justiça climática , saúde, escrita e autobiografia. Tem experiência com captação de recursos e gestão de projetos pois já foi coordenadora Fundo LGBTQIA+ do Fundo Positivo Atualmente faz parte da Inclusivah! sendo vice – presidenta, coletivo que trabalha com demandas de gênero, sexualidade, letramento e equidade em saúde.

  • Luana Braga Batista: Justiça social e filantropia: gênero, raça e direitos econômicos com o ISP

Luana é uma mulher negra, com 29 anos, baiana, nordestina, sertaneja, membro do coletivo negro Marlene Cunha. Cientista Social e Antropóloga de formação. Atua no terceiro setor, produzindo conhecimento enquanto pesquisadora para a promoção de uma filantropia negra e comunitária com recursos descentralizados e desburocratizados para a promoção de justiça social.

  • Maria Clara Araújo dos Passos: Cadê o aqué? Mapeando ausências, (des)encaixes e possibilidades entre as organizações de travestis e mulheres transexuais e a filantropia no Brasil

Maria é formada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica em São Paulo (PUC-SP) e mestranda em Educação (Sociologia da Educação) pela Universidade de São Paulo. Especialista em Estudos Afro-Latino-Americanos e Caribenhos pela Clacso/Flacso, com certificado do Instituto Hutchins Center, da Harvard University. Realizou palestras em universidades nacionais e estrangeiras, como Harvard, Autônoma do México e Cambridge. Ao longo dos últimos anos tem trabalhado com articulação política, campanhas de mobilização e filantropia. Foi assessora parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo, ocupou a posição de Fellow na All Out e fez parte do Grant Review Committee do Black Feminist Fund. 

  • Mayana Hellen Nunes da Silva: “Axé para quem é de axé”: o papel da filantropia para justiça social no fortalecimento dos povos de terreiro e no combate ao racismo religioso.

Mayana é doutora em Antropologia Social na Universidade Estadual de Campinas, mestra em Ciências Sociais e licenciada em História pela Universidade Federal do Maranhão. Integra como pesquisadora o Grupo de Estudos de Gênero, Memória, Identidade (GENI/UFMA) e o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu (Unicamp). Desenvolve pesquisas sobre marcadores sociais da diferença, mercado do sexo, plataformas virtuais, feminismo negro, decolonialidade e educação escolar. Atualmente é Assessora de Projetos do Fundo Brasil de Direitos Humanos nos programas de apoio à coletivos e organizações que atuam pelo enfrentamento ao racismo e pelo direito à terra e território da população quilombola. Já atuou como Assistente Técnica na área de Políticas Públicas e Advocacy na Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e Adolescente; e consultora educacional para o Instituto Ayrton Senna.

  • Regilon de Matos Alves da Silva: “Juventudes periféricas acessando financiamento – O trabalho da filantropia comunitária e de justiça socioambiental – experiências do Fundo Casa”

Régis é formado em Engenharia Civil pela UNINOVE, e pós-graduando em Gestão de projetos sociais e culturais, possui 5 anos de experiências no setor privado em métodos organizacionais, análise de necessidades com ampla vivência no Ecoturismo em Juquitiba, no portal da Mata Atlântica, com comunicação. É gerente de programas do Fundo Casa Socioambiental, Regis integra o movimento jovem pelo clima e dentro do Fundo Casa atua nas questões de juventude e meio ambiente, nos últimos 2 anos foi mobilizador de Juventudes para o Lab Jovem, programa de capacitação realizado pela Embaixada da França, é membro do Youth Sounding Board (YSB) o Comitê Consultivo da Juventude para Cooperação da União Europeia no Brasil, GYBN- Brazil (Global Youth Biodiversity Network) e Fellow das redes YCL (Youth Climate Leaders) e líder Climático pelo Climate Reality Project.

O Programa terá início em 29 de fevereiro de 2024. As pessoas pesquisadoras terão até oito meses para o desenvolvimento das suas pesquisas e participação nas atividades formativas e de troca de experiências. Assim como na primeira turma, ao final do Programa, os materiais produzidos farão parte do repositório de produtos a serem divulgados pela plataforma Transforma e outros canais da Rede Comuá, para ampliar a visibilidade de experiências no campo e para promover e fortalecer ações de incidência no ecossistema filantrópico em diversos níveis.

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