A iniciativa oferece bolsas de 50 mil reais para a sistematização de saberes produzidos por lideranças sociais e especialistas que atuam nos campos da filantropia comunitária e de justiça social.
Por Luisa Hernandez e Jonathas Azevedo
A Rede completou, em 2022, dez anos de existência se fortalecendo como sujeito político que incide no ecossistema filantrópico brasileiro para o fortalecimento da sociedade civil e das lutas por direitos. Nessa missão, tornou-se essencial desenvolver iniciativas que ampliem as vozes comunitárias e que reconheçam, nos saberes e experiências das práticas de doação e articulação das bases, os insumos necessários para a criação de narrativas que potencializem a influência da Rede no campo.
Nesse contexto, a Rede lançou, no segundo semestre de 2022, a Convocatória Saberes, uma iniciativa piloto, que integra os Programas de Apoio Estratégico e de Incidência e que busca promover a produção de conhecimento a partir da sistematização de experiências e reflexões e do desenvolvimento de estudos e tecnologias sociais que possam impulsionar e posicionar as agendas da filantropia comunitária e de justiça social no ecossistema filantrópico, ampliando a visibilidade das práticas de doação existentes no Brasil que fomentam ativos locais, capacidades e confiança nas comunidades.
A convocatória selecionou 7 bolsistas, sendo lideranças da sociedade civil, profissionais, pesquisadores e estudantes que atuam em movimentos, grupos, coletivos, fundos e instituições filantrópicas, associações de base comunitária, formalizadas ou não, entre outras entidades da sociedade civil.
Além da produção de conhecimentos, apoiada por mentores experientes nos campos de atuação de cada bolsista, participarão também de uma comunidade de práticas constituída como espaço de aprendizagem, colaboração e difusão de conhecimento.
Sobre a seleção dos projetos
Tendo em vista o caráter piloto do Programa, a Rede optou por um processo de seleção via carta convite. Para tanto, foram ativadas não só as organizações membro, como também outros parceiros de produção de conhecimento no ecossistema filantrópico e organizações identificadas no mapeamento de organizações independentes doadoras nos campos da justiça social e desenvolvimento comunitário (realizado pela Rede em parceria com a ponteAponte), para a indicação de lideranças comunitárias, pesquisadores, estudantes e quadros técnicos de organizações filantrópicas que tivessem interesse em sistematizar experiências e/ou promover reflexões sobre a filantropia comunitária e de justiça social a partir de suas vivências e conhecimentos gerados em suas comunidades e organizações. Dentro deste grupo, valorizou-se ainda a candidatura de representantes de minorias políticas, como mulheres, população negra, LGBQTQIA+, entre outras.
As propostas foram avaliadas com base nos critérios de seleção apontados no edital, no engajamento da pessoa candidata em organizações da sociedade civil, bem como na diversidade racial, regional e de gênero e de formatos de produção do saber. O resultado final foi comunicado por e-mail para todas as pessoas candidatas.
Os/as bolsistas e propostas selecionadas foram anunciados durante o Seminário Filantropia, Sociedade Civil e Democracia, promovido pela Rede nos dias 20 e 21 de setembro, em São Paulo- SP.
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Cassio de Souza (ISPN) – Avaliação de microprojetos socioambientais como mecanismo de filantropia a partir da experiência do ISPN
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Cleber Rodrigues (Associação Nossa Cidade) – Semeando fundos regenerativos locais em todo o brasil: Sistematização do Fundo Regenerativo de Brumadinho;
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Jész Ipólito (Fundo Elas+) – Narrativas de Mulheres Negras sobre o campo da filantropia no Brasil: perspectivas de futuro desde o Norte e Nordeste;
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Larissa Ferreira (FunBEA) – Filantropia comunitária e Educação Ambiental: análise do círculo de doadores do Litoral Norte de SP;
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Mariana Assis (ICOM) – Fortalecimento de organizações de base comunitária que atuam na Grande Florianópolis por meio de Consultorias para Impacto Social do ICOM;
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Marcelle Decothé (Iniciativa PIPA) – Conexões e diagnóstico: Primeiros passos para democratizar a filantropia a partir das periferias e favelas;
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Ronaldo Eli Júnior (Terreiro Sítio das Matas)- Ona Dudu, o caminho preto: Ação comunitária de matriz africana na região Sul da Bahia.
Os bolsistas terão até 10 meses para a conclusão das suas propostas e participação nas atividades formativas. Ao final do Programa, os materiais produzidos farão parte do repositório de produtos a serem divulgados pelos canais da Rede para o fortalecimento da incidência no ecossistema filantrópico e serão o subsídio para ampliar a visibilidade das experiências abordadas pelos bolsistas e para facilitar o entendimento das formas e conceitos da filantropia para as comunidades e territórios.
Com o Programa Saberes, a Rede reafirma seu compromisso de ampliar o reconhecimento das mudanças e transformações apoiadas pela filantropia comunitária e de justiça social.