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Saberes 2025: Financiamento de Soluções Climáticas Locais

Foto: Sete novas pessoas pesquisadores do Programa Saberes.

Sete pessoas pesquisadoras compõem a nova turma do Programa Saberes, se unindo a uma comunidade de outras 16 pessoas das turmas anteriores. O grupo foi selecionado dentre 308 propostas recebidas, originadas de 25 estados e do Distrito Federal, sendo 59% delas de fora do eixo Sul-Sudeste. 

A Convocatória 2025 do Programa foi voltada para pessoas físicas interessadas na produção de conhecimento sobre filantropia comunitária e justiça socioambiental, com foco no financiamento de Soluções Climáticas Locais. Essas soluções são criadas por, para e com as comunidades, considerando suas especificidades e vulnerabilidades, e têm maior potencial de impacto na mobilização local e na defesa de direitos e territórios.

Este ano, os objetivos do Programa incluem: evidenciar soluções e lacunas no financiamento de Soluções Climáticas Locais, demonstrar a potência de experiências e saberes comunitários, e valorizar práticas filantrópicas e arranjos colaborativos articulados com comunidades, grupos, movimentos e redes da sociedade civil nas agendas de justiça climática e financiamento climático. Além disso, busca-se fortalecer a incidência da Rede, com ênfase na iniciativa Comuá Pelo Clima, e impulsionar a jornada da Rede rumo à COP 30 e além desse evento.

Dentre as pessoas inscritas, 94% representam uma ou mais minorias políticas, com 62% se autodeclarando pessoas negras, 34% LGBTQIAP+, 10% indígenas e 5% Pessoas com Deficiência. A maioria das candidaturas (82%) é oriunda de territórios periféricos, e 88% são integrantes ativos de coletivos, associações ou movimentos da sociedade civil. A idade média de pessoas inscritas é de 36 anos, variando de 18 a 78 anos, e a maioria possui pós-graduação completa ou em andamento (48.4%).

Processo de Seleção 

O processo de seleção foi conduzido em três etapas principais: 

Triagem [avaliação segundo critérios eliminatórios – envio no prazo estipulado; em acordo com orientações da convocatória; ser de autoria de pessoa física; foco no campo da filantropia; ser pessoa atuante no Brasil; não ter sido contratada como prestadora de serviços para a Rede Comuá].

Avaliação aprofundada [cada proposta distribuída entre membros do Comitê de Seleção, avaliada por duas pessoas, segundo os critérios de: alinhamento com objetivos da convocatória; potencial de replicabilidade; criatividade e relevância dos produtos; contribuição para resolver lacunas do saber; coerência e viabilidade; representação de grupos minorizados; origem nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste; de territórios periféricos ou zona rurais; integrantes ativos de movimentos/coletivos/associações da sociedade civil.]

Reavaliação de propostas de destaque e aprofundamento [propostas que se destacaram na segunda etapa passaram por processo de reavaliação pelo Comitê de Seleção, sendo alguns dos proponentes convidados para conversas de aprofundamento e esclarecimento de dúvidas. Ao final do processo, chegou-se à lista de sete pessoas. ]

Inovação

Nas edições anteriores do Programa Saberes, as propostas recebidas foram selecionadas pela equipe executiva da Rede Comuá em parceria com pessoas consultoras. Para a Seleção 2025, participantes da Comunidade Saberes (pessoas que participaram do Programa na sua primeira ou segunda edição) foram convidadas para compor o Comitê de Seleção, junto a duas pessoas representantes da equipe executiva da Comuá. No total, o Comitê foi formado por seis pessoas: quatro participantes da Comunidade Saberes [Albert França, Anderson Meneses, Cléber Rodrigues e Mariana de Assis] e dois membros da equipe executiva da Rede, com apoio da Direção Executiva.

Ao final do processo de seleção, realizou-se uma avaliação coletiva dessa experiência, em que se destacou a importância das contribuições de cada pessoa do Comitê no processo e a natureza inovadora desse tipo de seleção. 

Albert França, participante da turma 2024 do Programa Saberes, reflete sobre a Chamada 2025 e sua participação no Comitê: “Foi uma experiência enriquecedora, não apenas pelo rigor do processo e no aprendizado pessoal, mas pela diversidade de iniciativas que chegaram até nós. Fiquei especialmente feliz ao ver a popularização do programa entre os movimentos sociais, refletindo a importância de tornar o acesso a recursos mais democrático e acessível para essas iniciativas. Isso reforça a necessidade de fortalecer redes e ampliar oportunidades para quem está na linha de frente das transformações sociais e da defesa de direitos”. 

Propostas selecionadas

Foram selecionadas sete propostas, representando os estados de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Piauí (PI), Pará (PA) e Maranhão (MA). Todas as pessoas selecionadas são representantes de minorias políticas, oriundas de territórios periféricos e integrantes ativas de coletivos/associações/movimentos da sociedade civil. Entre as sete pessoas, cinco são mulheres e cinco são pessoas negras ou indígenas.

As propostas selecionadas são:

“‘A Queda do Céu’ e as Soluções Locais das Comunidades Indígenas para um Desafio Global”, de Inimá Krenak

“Justiça Climática e Comunidades Tradicionais: Perspectivas das Comunidades, Experiência do Fundo Raízes e aprimoramento de estratégias para o acesso a recursos filantrópicos no enfrentamento às mudanças climáticas”, de Thainá Mamede Couto da Cruz

“Como está quem nos garantiu vivas até aqui?”, de Luize Sampaio

“Menos EdiTal, mais EdiTodas: desafios e oportunidades para a democratização do financiamento de narrativas climáticas a partir por coletivos de comunicação de periferias e favelas”, de Tony Marlon

“Clima, poder popular e comunitário: Fase e Fundo Dema na ciranda de saberes amazônicos”, de Sabrina Mesquita do Nascimento

“Sem folha não tem Axé: Experiências na realização de ações de filantropia no combate ao racismo ambiental e religioso: uma análise da relação entre Terreiros e Justiça Climática”, de Lourdimar dos Santos e Silva

“E os quilombos, ‘cumê que fica’? A filantropia comunitária no Brasil e a ausência da escuta dos territórios”, de Raimundo José da Silva Leite

O Programa terá início em 27 de março de 2025. As pessoas pesquisadoras terão até oito meses para o desenvolvimento das suas pesquisas e participação nas atividades formativas e de troca de experiências. Assim como nas turmas anteriores, ao final do Programa, os materiais produzidos farão parte do repositório de produtos a serem divulgados pela plataforma Transforma e outros canais da Rede Comuá, para ampliar a visibilidade de experiências no campo e para promover e fortalecer ações de incidência no ecossistema filantrópico em diversos níveis.

Síntese do Programa Saberes em 2024

A segunda turma do Programa Saberes, composta por nove participantes, realizou suas atividades em 2024. Os encontros entre participantes e os produtos produzidos ao longo do Programa foram marcados por colaborações e aprendizados significativos, que aprofundaram as construções iniciadas pela primeira turma em 2022-2023. Entre os avanços, destaca-se o aprofundamento de ideias sobre o papel da pesquisa para a justiça social e sua incidência no campo filantrópico, bem como os aprendizados sobre a lente interseccional e decolonial da filantropia comunitária e independente, abraçando a complexidade desses temas a partir de contextos e experiências diversas.

Um encontro presencial entre as duas turmas, realizado no Lab Procomum em outubro de 2024, também evidenciou as conexões entre as pesquisas e seu potencial para influenciar o setor, além de fomentar a continuidade e as colaborações entre os participantes. As contribuições das pesquisas tocaram pontos cruciais, como a importância de se adotar lentes de gênero e raça ao se tratar de apoio a organizações; adotar uma visão decolonial a partir, por exemplo, do reconhecimento da importância histórica da atuação política de terreiros e de mulheres negras; a mobilização de recursos por parte de movimentos sociais; a necessidade de compreender as intersecções entre os temas apoiados, como as mudanças climáticas e as pessoas trans; entre outros temas. 

Foram produzidos materiais relevantes para o campo da filantropia, como o “Guia de Mobilização de Recursos para movimentos sociais e de base comunitária”, de Albert França; o podcast “Minha História de Doação”, de Carolina Farias; a newsletter “Mamão com Rapadura”, de Daiany Saldanha; o livro “Tijolo por Tijolo: a experiência de construir uma comunidade de apoiadores ao redor do jornalismo”, de Anderson Meneses; e a publicação “Cadê o aqué? Mapeando ausências, (des)encaixes e possibilidades entre as organizações de travestis e mulheres transexuais e a filantropia no Brasil”, de Maria Clara Araújo dos Passos. Todos esses produtos (e outros) estão disponíveis no Hub Transforma, da Rede Comuá.

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