Valorizar saberes construídos pelos territórios e por minorias políticas é o espírito que guia o Programa Saberes.
O Programa tem a finalidade de promover a produção e o compartilhamento de conteúdo e conhecimento a partir da sistematização de práticas, experiências, reflexões e desenvolvimento de estudos e de tecnologias sociais que possam impulsionar e posicionar as agendas da filantropia comunitária e de justiça social nos ecossistemas filantrópicos brasileiro.
Através da seleção de lideranças comunitárias e/ou profissionais que atuam nos campos da filantropia e da sociedade civil, o Programa apoia por meio da cessão de bolsas pessoas pesquisadoras, estudantes, lideranças comunitárias e da sociedade civil com a finalidade de promover a produção de conhecimentos atualizados e inovadores vinculados aos campos da filantropia comunitária e de justiça socioambiental.
Esse conhecimento, além de demonstrar a potência de experiências e saberes comunitários, busca valorizar a identificação de práticas filantrópicas e arranjos colaborativos articulados com as comunidades (entendido no sentido amplo), grupos, movimentos e redes da sociedade civil nas agendas de acesso e reconhecimento de direitos humanos e de cidadania, com foco em minorias políticas. Dessa forma, o Programa Saberes busca fortalecer o Programa de Incidência da Comuá, que visa incidir no ecossistema filantrópico a partir da produção de conhecimento sobre o campo, entendida como uma ação estratégica.
Em suma, o Programa Saberes tem por objetivos:
Em 2022, foram realizados 7 apoios para lideranças e profissionais da sociedade civil que desenvolveram pesquisas e projetos em diferentes áreas, contribuindo para o fortalecimento do campo da filantropia comunitária e de justiça social no Brasil. Para saber mais sobre as pesquisas dessa primeira turma, ouça a primeira temporada do podcast da Rede Comuá aqui e acesse suas produções no Transforma.
O projeto visa uma avaliação geral do financiamento de micro projetos junto a povos e comunidades tradicionais do Cerrado e Amazônia, implementados pelo ISPN (Instituto Clima, Sociedade, População e Natureza) como uma ferramenta de filantropia que procura se adequar à realidade de muitas destas comunidades, nas quais existe uma grande carência de fomento em paralelo à grande dificuldade de acesso e gestão de recursos para incrementar suas atividades.
O projeto visa fortalecer a construção de narrativas e diagnósticos sobre o campo da filantropia e do investimento social privado no Brasil, incidindo para a desburocratização e a priorização do repasse de recursos para iniciativas faveladas e periféricas voltadas à justiça racial, social e de gênero. Para isso, será promovida a coleta e estudo de experiências nacionais e internacionais voltadas a tornar acessível o debate sobre a democratização da filantropia no país.
O projeto busca investigar as experiências internacionais e nacionais de círculos de doação (giving circles), assim como estratégias que estão sendo adotadas pelo FunBEA na experiência de planejamento e estruturação da campanha do círculo de doadores do Litoral Norte de São Paulo, buscando reconhecer características e idiossincrasias com a literatura internacional sobre círculos de doação.
Tem como objetivo sistematizar a experiência local de fortalecimento de organizações de base comunitária que atuam na região da Grande Florianópolis atendidas pelo ICOM, por meio do serviço de consultorias individuais, gratuitas e personalizadas, relacionadas ao desenvolvimento institucional para a filantropia comunitária. O ICOM é referência neste tipo de consultoria na região, e a sistematização dessa experiência, de modo a formatar um conjunto de materiais e ferramentas, poderá ser replicada em outros contextos e organizações.
O projeto visa reunir e sistematizar, em um e-book, as perspectivas políticas de lideranças e organizações de mulheres negras das regiões Norte e Nordeste sobre o universo da filantropia negra.
Pretende obter uma visão qualitativa sobre a inserção das comunidades de terreiro nos ecossistemas filantrópicos, realizando entrevistas com lideranças que desenvolvem ações comunitárias e organizações que promovem a filantropia comunitária. As entrevistas serão semi estruturadas, guardando unidade temática, mas sujeitas à dinâmica da conversa, aberta, informal, entre pares.
O projeto pretende promover a rememoração e reflexão sobre o Fundo Regenerativo de Brumadinho, possibilitando a replicabilidade da experiência em outros territórios. Para isso, uma série de entrevistas com moradores, mentores, equipe de curadoria e recebedores dos recursos revelarão o passo a passo do desenho do fundo, desde a ideia inicial até a execução dos projetos locais.
Em 2024, estão sendo realizados 9 apoios para lideranças e profissionais da sociedade civil para desenvolvimento dos projetos e pesquisas abaixo:
O projeto tem como objetivo analisar o acesso a recursos filantrópicos por movimentos sociais, ouvindo o Movimento Sem-Teto e o Movimento Rural em Salvador e Utinga, Bahia, para pensar sobre a dificuldade de acesso à recursos dos movimentos sociais e a necessidade de uma nova cultura política de doação voltada a esses agentes de justiça social.
A pesquisa busca sistematizar a “Tijolo por Tijolo”, uma campanha de apoio financeiro para fortalecer o jornalismo local e periférico. A partir disso, busca desenvolver um guia de desenvolvimento de uma comunidade ao redor de organizações independentes de comunicação periféricas e jornalistas locais, com o objetivo de fortalecer o corre de novas organizações jornalísticas das periferias brasileiras para que elas possam desenvolver e fomentar a filantropia ao seu redor.
O Minha História de Doação é um podcast que apresenta as histórias de lideranças comunitárias que estão mobilizando seus territórios para promover a doação.
Produção de conhecimento sobre as relações assimétricas de poder e de dependência mútua entre doadores e ONGs no Nordeste, especificamente no que diz respeito à lei federal de incentivo ao esporte. Produtos incluem textos e fortalecimento de lideranças do Nordeste.
Mapeamento de projetos de OSC apoiadas pela Rede Comuá ou outras instituições sobre Justiça Climática para pessoas trans analisando problemas e estratégias diante dos impactos das mudanças climáticas.
A partir de uma análise interseccional e decolonial, a pesquisa busca endereçar criticamente as relações entre gênero, raça e direitos econômicos com o Investimento Social Privado: A quem serve a filantropia? Como produzir justiça social e promover acesso a direitos econômicos para mulheres negras? Como aprender com elas?
O projeto visa realizar um estudo preliminar sobre a relação entre as organizações de travestis e mulheres transexuais e os ecossistemas filantrópicos no Brasil.
A pesquisa busca sistematizar a experiência do Fundo Brasil no apoio à casas e terreiros de matriz africana no combate ao racismo religioso, a partir do Edital “Enfrentando o racismo a partir da base”, para contribuir com o debate sobre o papel da filantropia para justiça social no combate ao racismo religioso, e visibilizar as ações de filantropia comunitária realizadas pelas casas de matriz africana.
A pesquisa busca acompanhar iniciativas lideradas por jovens e mostrar o que acontece quando juventudes periféricas acessam os recursos da filantropia para justiça socioambiental, com foco nas experiências do Fundo Casa no campo.
Em 2024, o Programa seguirá promovendo a atuação coletiva e em rede para a construção de estratégias e narrativas, a produção e o compartilhamento de conteúdo que possam impulsionar e posicionar as agendas de acesso a direitos nos ecossistemas filantrópicos brasileiro e internacional, ampliando práticas de grantmaking (apoio) e a cultura de doação em prol de grupos, coletivos, movimentos, lideranças e organizações da sociedade civil comprometidas com esses campos de atuação.
Acesse a nova convocatória aqui:
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