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Série de reportagens: 1. Os desafios para comunicar a filantropia comunitária e de justiça social

Por Ana Letícia Silva e Paulo Motoryn

Esta é uma série de reportagens com quatro textos derivados de uma entrevista coletiva realizada com as comunicadoras e comunicadores das organizações da Rede de Filantropia para a Justiça Social – RFJS, identificando os principais desafios vivenciados para comunicar a filantropia comunitária e de justiça social a partir da prática d@s cominicador@s.

Foram entrevistad@s: Larissa Amorim (Casa Fluminense); Silvia Dias e Fernanda Lopes (Fundo Baobá); Mônica Nóbrega (Fundo Brasil de Direitos Humanos); Renata Saavedra (Fundo Elas); Harley Nascimento (Fundo Positivo); Attilio Zonin (Fundo Casa); Ivanderson Pinheiro (Instituto Baixada); Andreia Coutinho (Instituto Clima e Sociedade); Stefani Ceolla (ICOM); Méle Dornelas (ISPN); Simone Amorim (Tabôa); Andrea Blum (Redes da Maré)

Reportagem 1: Comunicadoras/es das organizações membro da Rede de Filantropia para a Justiça Social falam sobre os desafios para consolidar o campo no Brasil (setembro/2020).

Reportagem 2: A importância da comunicação para a mobilização de recursos na filantropia comunitária e de justiça social (outubro/2020).
Reportagem 3: O poder e alcance das narrativas para explicar e comunicar a filantropia comunitária e de justiça social (novembro/2020).
Reportagem 4: Comunicação articulada em rede e sua potência para incidência em políticas públicas e no campo da filantropia (dezembro/2020).

Comunicadoras/es das organizações membro da Rede de Filantropia para a Justiça Social falam sobre os desafios para consolidar o campo no Brasil

Os conteúdos da filantropia comunitária e de justiça social se entrelaçam com uma narrativa favorável aos direitos humanos, ampliam as vozes de ativistas, organizações e grupos de base de todo o país e fortalecem narrativas da sociedade civil para difundir esse tipo de filantropia. Um grande desafio para afirmar e consolidar esse campo no Brasil reside no cruzamento entre comunicação e justiça social. É o que afirmam comunicadores/as das organizações que compõem a Rede de Filantropia para a Justiça Social. De acordo com elas/es, que convivem diariamente com as dificuldades e oportunidades para que o campo possa ser reconhecido, a chave para superar a visão que associa a filantropia ao assistencialismo está em contar as histórias reais de grupos, coletivos, lideranças e organizações impactadas pela atuação da RJFS.

“Todas as estatísticas e teses se materializam em histórias reais e humanas”,

afirma o Fundo Baobá.

Já a Casa Fluminense, outra organização que integra compõe a RFJS, diz que seu principal objetivo é alcançar uma comunicação que ajuda a materializar, mas que também precisa estar nutrida de colheita de efeitos”. As declarações corroboram a reflexão de que a comunicação não é um fim, mas uma ferramenta, que ajuda e decodificar a importância singular de cada organização para a construção de um mundo mais justo. A comunicação é um ponto central a ser abordado para que a filantropia comunitária e de justiça social possa ser reconhecida e se consolidar no Brasil. Uma filantropia especial, de ação múltipla e que chega nas bases, na ponta de muitas formas. Esse foi o grande desafio apresentado pelas comunicadoras e comunicadores das organizações que compõe a RFJS, que apontam para a importância de se conhecerem as histórias que acontecem com os grupos, coletivos, lideranças e organizações apoiadas, ou seja, histórias da ponta, para se compreender o seu real alcance e sentido.

Ao inverterem os papéis habituais, de entrevistadoras/es para entrevistadas/os, as/os comunicadoras/es apontaram a importância de traduzir o que, de fato, significa a filantropia de justiça social num país desigual como o Brasil. Para o ICOM, a responsabilidade é comunicar o papel de “ponte” que faz a organização. “O desafio constante é explicar claramente o fluxo de trabalho – quem doa e para onde vai o recurso. Também é sempre preciso comunicar que o nosso papel é de ser ponte entre os doadores e as organizações que atuam “na ponta”, promovendo essas causas”.

Já o Instituto Baixada ressalta o papel da organização no “desenvolvimento territorial da Baixada Maranhense, na busca efetiva por editais que possibilitem o apoio a iniciativas que colaborem para o desenvolvimento do território”. Na mesma linha, o iCS diz: “Esse é o papel-chave da filantropia. Impulsionar organizações para que elas assumam o protagonismo de suas causas com o objetivo comum de transformar o cenário brasileiro de forma mais democrática, perene, ampla e sistêmica”.

O SENTIDO | É preciso produzir narrativas que sensibilizem pessoas e organizações para a doação; reportar resultados visando manter doadores engajados; e alcançar grupos e movimentos sociais não formalizados.

O DESAFIO | Neste momento, impera ainda mais fortemente um discurso refratário à noção de respeito aos direitos básicos, o que pede a produção de uma contranarrativa eficiente e engajadora para superar o discurso que equipara direitos humanos a direitos dos assim chamados “criminosos”. É uma questão de gerenciamento de crise e como responder a possíveis ataques reputacionais.

UM NOVO CONTEXTO | Os desafios adicionais no contexto atual são em relação ao acesso e consumo das novas tecnologias de informação e comunicação.

As novas dinâmicas e linguagens

As novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) causaram transformações profundas e renovaram demandas sociais. Por essa razão, as/os comunicadoras/es apontam a relevância de estarem inseridos nas novas dinâmicas e linguagens que emergem, principalmente a partir da juventude.

O Instituto Baixada afirma que teve que redesenhar suas estratégias de comunicação, superando a simples produção de conteúdos institucionais. De acordo com a organização, para se chegar, de fato, às novas gerações, foi preciso apostar em outras formas de se estabelecer relação com o público, como a participação em reuniões comunitárias, seminários e coletivos de jovens.

As/os comunicadoras/es também valorizaram a atuação nos mais diversos canais de comunicação, como grupos de aplicativo, panfletos, cartazes, carros e bicicletas de som. Para o iCS, é fundamental “a democratização da linguagem e atenção à multiplicidade de perfis organizacionais que temos.”

O Instituto Baixada destaca que “a realidade digital ainda é um fator crucial para o acesso às informações”. E também apontam como dificuldade a escassez de “meios de comunicação antes mais presentes no território, como as rádios populares”. De acordo as/os comunicadoras/es, as rádios, na região em que o instituto atua, têm um grande potencial de acesso à informação e ao conhecimento.

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