Por: Diego Cotta e Renata Saavedra
Vivemos uma crise de confiança na comunicação. Quase metade das pessoas brasileiras – 47% da população – evitam ler notícias. No entanto, elas seguem interessadas em informações “úteis”, “que ajudam a tomar decisões” e que sejam “sobre pessoas como eu”. Foi com esse alerta, baseado no recente Relatório de Mídia Digital do Instituto Reuters, que Mônica Nobrega abriu o lançamento da publicação Filantropia e comunicação comunitária: caminhos para o fortalecimento da comunicação por direitos no contexto da sociedade civil no Brasil, no dia 20 de junho de 2024.
No contexto de crescente desinformação e fragmentação das notícias, o jornalismo local e as iniciativas de comunicação comunitária têm um papel central no fortalecimento das comunidades e na defesa da democracia. Partindo dessa premissa, a Rede Comuá produziu essa pesquisa para analisar o cenário de apoio a esse tema, em especial a relação entre essas iniciativas e a filantropia comunitária no Brasil.
O relatório traz um breve panorama do contexto de atuação das mídias comunitárias no Brasil, passando por suas principais agendas, desafios e obstáculos, e destacando a grande diversidade e heterogeneidade desse campo. Também apresenta alguns diálogos e parcerias em curso entre a filantropia e as mídias comunitárias, a partir de experiências e práticas de organizações membro da Rede Comuá.
Além disso, o estudo elenca alguns motivos para apoiar mídias comunitárias, destacando seu protagonismo no enfrentamento aos desertos de notícias e à desinformação, e mapeia movimentos, ações, alianças e discussões contemporâneas da filantropia que estão se debruçando sobre o tema.
A pesquisa evidencia o abismo entre a importância do tema e os investimentos recebidos. “A fala sobre a relevância da comunicação é cada vez mais recorrente; a disposição em financiar a comunicação não acompanha a intensidade dessa fala”, afirmou uma das pessoas entrevistadas. A falta de apoio contribui para ampliar as muitas vulnerabilidades que comunicadoras/es comunitárias/os enfrentam: falta de proteção e segurança, pouco acesso a formações, conflitos nos territórios, falta de infraestrutura, equipamentos e internet, etc.
“Vocês nomearam muitas coisas importantes com a pesquisa”, avaliou o educador e comunicador popular Tony Marlon no webinário de lançamento. E quanto mais o campo da filantropia escutar, compreender e se envolver com os desafios e potencialidades das mídias locais, mais a comunicação comunitária poderá passar“ da gestão das urgências para a produção de futuros”. Por futuros comuns, democráticos, inclusivos, a filantropia e a comunicação comunitária podem e devem caminhar mais juntas.
Acesse o relatório completo ou um resumo/Key facts e assista ao webinário de lançamento, com opção em espanhol.