ELAS+ lança pesquisa que analisa o cenário pós-pandemia das organizações lideradas por mulheres cis, trans e outra transidentidades no país
Para celebrar o Mês da Filantropia e demonstrar em dados como o ativismo de mulheres está impactando o ecossistema filantrópico, o ELAS+ Doar para Transformar lançou, como uma das atividades da Rede Comuá, a pesquisa Por uma Filantropia Feminista: Um Olhar sobre os Ativismos de Mulheres no Brasil. O levantamento apresenta um perfil de organizações da sociedade civil lideradas por mulheres, analisando os contextos e os principais desafios enfrentados por essas iniciativas.
Foram ouvidas 441 organizações formais e informais de todo Brasil, lideradas por mulheres cis, trans e outras transidentidades, que se inscreveram no edital Mulheres em Movimento 2023 e autorizaram o uso dos dados coletados. O levantamento faz um paralelo com a pesquisa “Ativismo e Pandemia no Brasil”, realizado pelo ELAS+ em 2020, com dados coletados no período auge da pandemia de Covid-19. O objetivo do levantamento de agora é analisar o cenário pós-pandemia das iniciativas e analisar como a filantropia precisa agir para fortalecer essas organizações.
Para debater esses assuntos, o ELAS+ promoveu um debate online, com a participação da coordenadora-executiva da Rede Comuá, Graciela Hopstein, e da diretora de Programas do Instituto Ibirapitanga, Iara Rolnik, que analisaram as conclusões iniciais do levantamento. A conversa está disponível na íntegra no canal do Youtube do ELAS+.
Cultura de Doação
Desde a pandemia de coronavírus, a cultura de doação está ganhando cada vez mais relevância no Brasil. Em 2020, 66% dos brasileiros afirmaram ter feito algum tipo de doação, e 37% disseram ter doado dinheiro para alguma causa específica. Dois anos depois, o número de doadores aumentou: 84% realizaram doações e quase metade, 48%, fizeram doação em dinheiro.
Os dados são da pesquisa Doação Brasil, realizada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), e revelam também como o impacto da pandemia pode resultar em uma mudança cultural: 38% dos doadores dizem que a experiência os levou a doar mais para ONGs.
A cofundadora e diretora-geral do ELAS+, Amalia Fischer, acredita que esse contexto favorece um debate mais profundo sobre filantropia. “Existe uma diferença entre quem pratica a caridade e quem faz filantropia. A caridade, geralmente, busca uma solução emergencial para situações de sofrimento. Já o objetivo da filantropia é resolver os problemas que geram o sofrimento. O desafio é mostrar que o trabalho da filantropia é permanente. Não é moda. Somos agentes importantes na construção de uma sociedade mais justa, no fortalecimento da democracia e na luta contra todo tipo de discriminação”, destacou Amalia.
Ela avalia ainda que é necessário um esforço para fortalecer a filantropia feminista, atuando para que cada vez mais mulheres ocupem espaços de direção e de tomada de decisão, especialmente nas organizações e fundos filantrópicos. “É um movimento necessário para trazer mais recursos flexíveis para as organizações de mulheres, mostrar que através de um grantmaking baseado na confiança nas organizações, a mudança social acontece de uma forma mais profunda. São as mulheres que sabem as necessidades e conhecem as soluções de seus territórios”, concluiu Amalia Fischer.
Por: Comunicação Elas+ Doar para Transformar