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Podcast Comuá – #1 Filantropia comunitária e educação ambiental

#1 Filantropia Comunitária e Educação Ambiental

Abertura:

Oi, gente! 

Este é o podcast Comuá, filantropia que transforma. 

Aqui, abordamos as práticas da filantropia comunitária, e de justiça socioambiental, difundindo o seu potencial para apoiar a transformação social, realizada pelas organizações da sociedade civil em seus territórios. 

Nessa primeira temporada vamos apresentar o Programa Saberes da Rede Comuá, que incentiva a produção de conhecimento no campo da filantropia comunitária e de justiça social, a partir das práticas. 

A produção de conhecimentos sobre as transformações sociais nos territórios, feita por quem atua neles. 

Nada sobre nós, sem nós.

Neste primeiro episódio vamos conversar sobre o projeto da Larissa Ferreira, que sistematiza e produz conhecimentos, sobre uma forma de mobilizar doações bastante inovadora, no contexto da filantropia brasileira.

A criação de um círculo de doação pautada em ações educadoras.

Cleber Rocha, outro bolsista do Programa Saberes, está conosco para mediar essa conversa com a Larissa. 

 

Cleber:

Olá, quero cumprimentar a todos e todas, eu sou o Cléber Rodrigues, pesquisador da Rede Comuá e hoje eu vou bater um papo com a Larissa Ferreira. Nesse embalo eu já quero chamar a Lari pra conversar com a gente. 

 

Larissa:

Olá pessoal, é um prazer tá aqui nesse espaço.

 Eu sou a Larissa Ferreira, faço parte do Fundo Brasileiro de Educação Ambiental, o FunBEA, uma organização que atua no fortalecimento do campo da educação ambiental no Brasil. É o único fundo de educação ambiental da América Latina que já tem um histórico de atuação de doze anos.

Eu sou formada na área ambiental, sou gestora e analista ambiental pela UFSCar e agora também estou fazendo um mestrado em educação na mesma universidade sendo ainda uma das bolsistas do Programa Saberes da Rede Comuá.

 

Cleber:

O que te motivou a fazer sua pesquisa nessa área? Relacionado a esse tema? 

 

Larissa:

Essa pesquisa tem algumas motivações. 

A primeira dela eu acredito que esteja relacionada até à oportunidade num primeiro momento de me aproximar do FunBEA, a organização que agora eu faço parte, mas entrei em 2021 como voluntária e desde então fiquei um ano mais ou menos sem um projeto específico ao qual eu estivesse vinculada. 

Eu participava de reuniões gerais, apoiava ações pontuais, vendo nessa, uma oportunidade de me aproximar realmente à atuação do FunBEA, pois a minha pesquisa se chama Filantropia Comunitária e Educação Ambiental: Análise do Círculo de Doação do Litoral Norte do Estado de São Paulo.

Acredito que eu tenha essa motivação, essa curiosidade, pois como venho da área de educação ambiental e tenho atuado como educadora ambiental, nunca tinha pensado na possibilidade desse campo conversar com a filantropia comunitária. 

O que me motivou ainda foi essa investigação tanto no campo da filantropia quanto no da educação ambiental.

 

Cleber:

E durante essa pesquisa alguma coisa assim se revelou? Você teve alguma surpresa? 

Conta pra gente. 

 

Larissa:

Logo que eu iniciei no FunBEA eu tinha a intenção de me aprofundar mais na temática dos given circles, que são os círculos de doação. Esse era um tema de interesse do FunBEA, tanto que fomos estruturando a pesquisa de modo a olhar para essa experiência.

Uma das mentoras que está me acompanhando, Érika Sanchez, a Kika, ela é dessa área da filantropia e falava assim: 

“Olha, esse é um tema que não existe muito no Brasil, talvez você não ache muitas informações”

Mas me surpreendeu o fato de não ter achado praticamente nada!

No processo de revisão bibliográfica eu trabalhei com mais ou menos 26 materiais, onde apenas um deles era em português, o restante eram todos de língua inglesa. Nesse material era comentado o Brasil, mas apenas uma única experiência de círculo de doação, e ainda assim como um comentário, nada muito aprofundado. 

Apesar de ser o esperado, esta situação me surpreendeu, pois eu achei que apareceria um pouco mais, apareceria outras informações, mas acabou não aparecendo praticamente nada.

Outro detalhe que me surpreendeu nesse processo foi ver algumas semelhanças bastante positivas entre os campos da educação ambiental e da filantropia comunitária. A educação ambiental é um campo que tem os seus tensionamentos políticos e de disputa, porque existem diferentes correntes.

Tem uma corrente da educação ambiental que é mais conservadora, mais pragmática no uso do recurso para o benefício dos seres humanos buscando conservar a natureza separada do ser humano. A natureza lá e nós cá. 

Já a outra, em contrapartida, é uma educação ambiental popular, crítica, emancipadora que já vê a base da discussão associada aos grupos, aos territórios, à atuação que o ser humano tem junto ao ambiente. Esse era um campo que eu tinha bastante afinidade em ver os tensionamentos, e o FunBEA se aproxima muito deste campo da educação popular, crítica. 

Quando cheguei para estudar a filantropia, todo esse universo foi bastante novo para mim, eu também vi que existem esses tensionamentos e essas disputas de narrativas. Tem um caminho da filantropia mais tradicional, e uma filantropia nesse sentido que a Rede Comuá, e a gente vem construindo junto e trabalhando, que é o da filantropia comunitária. 

Esses dois campos me surpreenderam com alguns pontos que eles têm em comum. A questão que fala sobre trabalhar alguns valores, como por exemplo, a participação, a diversidade de conhecimentos, a incidência política. Foi interessante ver que eram alguns assuntos que eu conhecia por ser dessa área, mas que também se potencializam em outras áreas do conhecimento e de atuação.

 

Cleber:

Eu percebi durante a sua fala o como é denso o seu trabalho e como ele é inovador. Existem poucas pesquisas, e na língua portuguesa a gente tem apenas citações, então eu queria saber se diante disso você está utilizando alguma metodologia específica para esse projeto?

 

Larissa:

Sim, tem algumas metodologias que estão sendo usadas, sendo a maior parte mais ligadas a essa pesquisa qualitativa. Na primeira parte eu fiz essa revisão bibliográfica, até para esse aprofundamento no campo do círculo de doação. 

Depois desta revisão, que foi importante para conseguir discutir a experiência da campanha do círculo de doação do FunBEA, eu fiz um aprofundamento no que foi a experiência da campanha. 

A campanha buscou apoiar, mobilizar recursos para apoiar três coletivos socioambientais do litoral norte, sendo eles o Coletivo Educador de Bertioga, o Coletivo Caiçara e o Escambau. 

Eu fiz uma revisão documental, pois no ano passado eu não participei da equipe do projeto da campanha e tive que recorrer a relatórios, e atas de reunião. Eu acessei alguns documentos das reuniões da própria coordenação da campanha com os coletivos, com os movimentos apoiados.

A campanha mesmo, foi lançada em julho, mas desde fevereiro foi feito um processo de formação participativa com os coletivos, até para chegar nessa estratégia de construção conjunta do que seria apoiado, quais iniciativas, quais os coletivos tinham vontade de mobilizar recursos e investir. 

Eu fui analisando os documentos dessas reuniões e também os documentos da comunidade de aprendizagem, porque além do FunBEA estar pensando sobre o círculo de doação, a organização fez parte dessa comunidade de aprendizagem com o ICOM e o Taboa, que são organizações que fazem parte da Rede Comuá também.

Eu percebi que todas elas estavam nesse momento olhando como fortalecer os seus próprios círculos de doação, cada uma em seu território e esse foi um documento bem interessante que eu consegui acessar. 

Também analisei os relatórios de atividades, pois essa campanha que foi realizada ano passado teve o apoio da Rede Comuá e a equipe do projeto fez os relatórios narrativos das atividades como uma devolutiva para rede, que foi um material bastante rico. 

Além dessa revisão documental houve ainda a parte das entrevistas com diversos grupos. Teve entrevista olhando justamente para essa lacuna de informações aqui para o Brasil que era justamente um objetivo da pesquisa, o de discutir experiências internacionais e nacionais, e devido a essa lacuna algumas organizações, quando eu fiz a busca no Google, apareceram notícias, conteúdos de redes sociais, que tinha alguma experiência com o ciclo de doação, a partir disso eu consegui conversar com algumas delas.

Um outro público também de entrevista foi o pessoal dos potenciais doadores, que foram pessoas que tiveram relacionamento com intenção de doar para campanha, mas no fim não doaram. Eu também entrevistei esse pessoal.

E agora está prevista a entrevista com os representantes dos coletivos. Aqueles três coletivos apoiados durante a campanha. 

Tudo isso dentro de uma metodologia maior que é a de sistematização de experiências. 

É bem interessante, foi uma metodologia em cinco passos trazendo um fio narrativo que você pode seguir, onde nos pontos iniciais é possível fazer um planejamento da sua sistematização, depois fazer uma recuperação do processo vivido, quase uma linha do tempo, mostrando quais foram os acontecimentos.

Depois eu realizei uma reflexão de fundo, olhei o que aconteceu e porque aconteceu, para assim chegar às conclusões.

Essas foram algumas das nossas metodologias. 

 

Cleber:

Vendo você falar, me parece assim que tudo foi flores, mas a gente sabe que não, né? 

Deve ter tido muitos desafios.

E aí eu queria que você trouxesse para gente um pouquinho deles. 

 

Larissa:

Eu acho que logo de início, no segundo mês da realização da pesquisa, teve um desafio. Eu lembro muito bem de uma reunião com as mentoras, tem a Quica que eu comentei, e a outra mentora é a Vivi, a Vivian Bathaine. As duas são do conselho do FunBEA, só que elas possuem áreas de atuação diferentes, uma bem ligada à educação ambiental e outra mais ligada à filantropia, à cultura de doação. 

E esse desafio foi justamente de entender qual seria o foco da pesquisa, o que foi muito confuso, porque a gente sentou as três e olhou:

Tá, o foco vai ser olhar pras estratégias de educação ambiental que estão fortalecendo os coletivos nos seus territórios, ou olhar para as estratégias que estão conseguindo acessar as pessoas doadoras, conseguindo mobilizar doações. 

A gente enxergava isso como campos muito densos, porque eu poderia focar em um ou focar em outro e teria muita coisa para pesquisar.

Eu acho que foi esse desafio de entender que na verdade, seriam as duas coisas, mas talvez num olhar que conseguisse enxergar os dois, pois justamente o círculo de doação tem essa intenção de ter um relacionamento tanto com quem vai receber um recurso, quanto com quem vai doar e fazer essa parte da mobilização.

E acho que o outro maior desafio foi mais para frente porque ao mesmo tempo que a pesquisa começou em setembro a campanha foi lançada em julho e se encerrou em novembro, eu digo lançada pro público a divulgação para captar os recursos. 

No fim, a campanha não teve o resultado esperado, que era o de conseguir mobilizar doadores da região, do próprio território do litoral norte para investir em coletivos que atuam para conservação da Mata Atlântica, que fazem atividades de educação, de cultura e de sustentabilidade naquele território. 

Foi feito um repasse de recursos sim para os coletivos, mas que não veio desse financiamento como se esperava, que era o de criar esse círculo de doadores do território para apoiar o próprio território.

Foi um desafio também conseguir entender o que eu ia fazer da minha pesquisa, pois grande parte dela era olhar para essa relação das pessoas doadoras com a campanha. 

E se não existiram pessoas doadoras…

Foi um pouco aquele momento de: “Tá, como prosseguir agora, né?” 

E depois discutindo, consegui foi justamente olhar para o porque não ocorreram doações?

Entrou então uma etapa da entrevista que foi conversar com os potenciais doadores, aquelas pessoas da região: Associações comerciais, empresas, tinha uma outra organização também no terceiro setor e que conheceram a campanha mas também não doaram.

Acho que foi muito importante conseguir dar esse contorno nessa quebra de expectativa  tanto para pesquisa, quanto para a campanha, conseguindo olhar isso como o foco de algo que precisava ser discutido. O por que não teve doações para campanha?

 

Cleber:

Eu já quero te pedir, assim um spoiler, para você contar pra gente um pouquinho dos seus achados.

O que você nessas andanças todas, nessa trilha que você construiu dentro do seu projeto, quais foram os maiores achados até agora?

 

Larissa:

Acredito que até agora teve uma parte relacionada a um achado da revisão bibliográfica, porque foi um bloco bem grande de pesquisa, fazer esse levantamento.

Uma das coisas que me chama atenção é que a maioria desses 26 materiais, além daquela questão que eu já comentei, foi ver qual era o assunto em comum, principal, que aparecia neles.

A maior parte falava sobre experiências norte-americanas, e foi bem evidente que a maior parte dos materiais era sobre o ciclo de doação dos Estados Unidos. Alguns sobre a Ásia, em segundo lugar, e depois em seguida sobre alguns países da Europa.

O tema que se pesquisava era bastante sobre a influência do círculo de doação nas atitudes, no comportamento e nos conhecimentos das pessoas que doam.

Eu achei interessante ver o foco sobre o que se pesquisa para além das características e também como cada círculo se forma, olhar para como ele influencia de fato, pois eu acho que esse é o desejo quando uma organização social ou quando se cria um círculo de doadores que tem esse objetivo de reunir pessoas que doam para uma causa. O objetivo é ver como elas conseguem se engajar com aquilo além do repasse financeiro.

Se isso reflete de alguma forma na atuação profissional, pessoal dela.

Esse foi um achado interessante, pois é um dos temas que aparecem bastante.

Outro achado, foi perceber que isso está sistematizando essa experiência do FunBEA e entendendo quais as estratégias que foram sendo adotadas.

A primeira estratégia foi ter esse contato mensal com os coletivos e essa formação mesmo sobre mobilização de recursos. O FunBEA tem essa intencionalidade de trabalhar em três pilares: Formador, Político e Financeiro. 

E parece, pois a pesquisa ainda não está concluída, mas parece que isso aconteceu durante a campanha.

Logo, teve essa estratégia de encontros mensais para se pensar nas narrativas de cada coletivo. Uma estratégia de comunicação da campanha muito voltada para o financiador e essas estratégias de comunicação foram sendo traçadas junto com os coletivos, eles foram levantando a identidade de cada um, trazendo e refletindo nas reuniões sobre como cada um atuava para transformar isso em materiais. 

Teve materiais, por exemplo infográficos, que foram criados coletivamente que podem ser usados pelos coletivos depois da campanha em algum outro processo de captação de recursos, por exemplo.

Foi feito um vídeo também da campanha, tentando acessar muito essa linguagem com o financiador, tentando valorar, pois o nome da campanha foi “Quanto Vale?”, nesse contexto de tentar valorar quanto vale a preservação da Mata Atlântica, de todos os serviços, do ecossistema de um ambiente preservado e que está diretamente ligado com os grupos sociais que estão ali naquele território. 

Acho que essas estratégias foram achados bem interessantes!

 

Cleber:

Eu assisti o vídeo e tá lindo mesmo, toda aquela paisagem, todas aquelas indagações que o vídeo trás, fica aí a dica pra assistir também. 

Eu gostaria de saber se a sua organização, você já trouxe isso, mas se o FunBEA, essa organização que você faz parte, se ela faz essa pesquisa no território?

Se ela acompanha os movimentos que acontecem no território?

 

Larissa:

Essa é uma pergunta interessante, porque eu descobri pela pesquisa que a escolha dos coletivos não foi feita por um edital.

Foi uma chamada aberta para se escolher quem seria apoiado, com quem seria feita essa campanha, esse círculo de doação, que foi a partir desse relacionamento mesmo.

O FunBEA começou a atuar, acho que em 2017, nessa região do Litoral Norte do Estado de São Paulo e foi a partir desse reconhecimento, de um vínculo que já existia com coletivos daquele território e que já tinham atuado em outros momentos com o fortalecimento não financeiro, mas com informações, alguns cursos juntos com os coletivos.

Quando teve essa ideia de conseguir concretizar essa campanha e fazer um repasse financeiro, eu acho que o FunBEA teve muito esse olhar de querer fazer esse apoio financeiro para quem a organização já tinha um vínculo e já conhecia o trabalho, já conhecia o que esses coletivos fazem pelo território onde eles estão. 

E acho que também desse vínculo com os coletivos, a organização tem sido ainda bem próxima da pesquisa nesse sentido de ter reuniões quinzenais de alinhamento com a equipe mais a frente na campanha, com a coordenadora, com essa secretaria geral do FunBEA e também esses espaços, essa abertura de espaços para trazer para a equipe toda.

Quando eu finalizei aquele primeiro bloco de pesquisa da revisão bibliográfica, eu também apresentei lá para equipe e uma outra estratégia interessante de integrar a equipe foi durante as entrevistas. 

Eu convidava algumas pessoas, mandava no grupo geral quem gostaria, se alguém poderia me acompanhar na entrevista, no sentido de ir integrando mesmo as pessoas com o que eu estava fazendo, porque eu estava gravando áudio, então não havia tanta necessidade da pessoa se preocupar em fazer uma relatoria.

Porém, foi muito interessante as contribuições que os convidados foram dando, porque às vezes a pessoa entrevistada falava uma coisa e a pessoa que pela primeira vez estava se integrando na minha pesquisa já fazia uma outra pergunta que eu falava: “Nossa, ainda bem que ela estava aqui para dar esse olhar.”

Então tem sido um acompanhamento interessante.

 

Cleber:

Bom, Larissa, então a gente já vai seguir caminhando para o final e eu quero saber, perguntar, sobre como você pretende retornar para comunidade, para a sua comunidade, para o espaço onde você está, tudo isso que você está aprendendo e captando dentro dessa pesquisa?

 

Larissa:

Esse retorno é interessante, porque nós bolsistas do Programa Saberes, a gente teve que pensar um pouco nisso, pensando nos produtos finais que cada pesquisa iria desenvolver. É muito interessante porque a gente está vendo muitas coisas e precisamos realmente ter uma dedicação para pensar em como a gente vai comunicar isso. 

 Eu acho que esse retorno, num primeiro lugar, ele tá na comunicação do que foi a pesquisa e do que foi achado.

Muito nesse sentido básico, onde a primeira coisa que deve ser feita é comunicar o que a gente descobriu, até muitas vezes com eles.

A pesquisa tem a previsão de alguns produtos, alguns no sentido mais acadêmico como um artigo científico, mas pensando nos coletivos está ainda a realização também de outros podcasts em outros meios.

Acho que essa comunicação oral, essa comunicação falada, é muito importante no contexto desta diversificação de linguagens, de como a gente traz o conteúdo.

Outra coisa que ainda está no campo das ideias, mas que eu acredito que vá se concretizar, é uma ida presencial para dar essa devolutiva. No sentido de que os coletivos, um deles principalmente, com esse apoio financeiro que recebeu da campanha, vai fazer uma amostra cultural. 

É uma amostra que tem um pouco do tema da emergência climática e a gente está vendo como uma oportunidade. O pessoal que estava à frente da campanha do FunBEA estará presente para prestigiar, até como meio de celebrar essa finalização e estamos vendo nessa agenda um momento para fazer uma roda de conversa sobre a pesquisa mesmo.  

 

Cleber:

E qual o potencial disso de ser replicado dentro das comunidades, em outros espaços que não é um litoral, mas que também trabalhe com a pauta ambiental? 

 

Larissa:

Eu acredito que esse potencial de replicar, não como uma receita de bolo, mas essas próprias estratégias eu vejo muito mais nesse campo de experimentação.

Para o FunBEA mesmo essa campanha foi muito importante, pois foi a primeira oportunidade que a organização teve de fazer um repasse direto para coletivos, o que tem sido um sonho muito grande, o de realmente atuar como um fundo a partir daqueles três pilares.

Essa oportunidade e a forma como foi feita, as estratégias que foram sendo articuladas, eu acredito que elas podem ser experimentadas também em outros territórios.

No entanto, os coletivos já vão ter essa bagagem, essa experiência e agora se eles quiserem num próximo momento pensar em uma campanha de doação, de mobilização de recursos, até mesmo de um círculo de doação eles já vão ter toda essa experiência vivida e talvez refletida. Conseguindo olhar para o que deu certo, quais foram os principais desafios, os principais erros e construir a partir deles. 

Acredito também que existe uma replicabilidade bem interessante que foi muito um efeito da pesquisa, pois o FunBEA lançou esse ano a campanha “Quanto Vale?” pela reparação do Litoral Norte do Estado de São Paulo, pensando no que aconteceu em fevereiro deste ano.

Uma das comunidades afetadas, São Sebastião, o Município de São Sebastião, na Vila do Saim, registrou o maior número de chuvas num mesmo período de tempo e volume de água no contexto histórico. 

Foi uma situação de muitos deslizamentos, de muitas perdas, e essa campanha de agora está voltada para essa reparação socioambiental pensando num pós desastre, mas com ações não emergenciais. 

Não é no sentido de arrecadar comida, roupas, é olhando no sentido da formação de lideranças locais e que essas lideranças consigam e tenham um apoio para fazer a reivindicação de direitos. 

Pensando nessa campanha agora que está no ar, foi muito refletido algumas experiências, alguns achados da pesquisa, principalmente nesse relacionamento com as pessoas doadoras.

Diferentemente da primeira campanha que já tinha a causa e os movimentos definidos para serem apoiados, agora existe a temática que é a reparação socioambiental, existe o território ainda que é o litoral norte do estado de São Paulo, mas os coletivos apoiados serão escolhidos juntos com as lideranças e também com os potenciais doadores que venham a participar da campanha. 

Eu vejo ainda essa replicabilidade para as futuras campanhas do círculo de doação dentro da própria organização. 

E deixo como sugestão o site do FunBEA que já pode ser acessado e possui maiores informações sobre essa campanha que está acontecendo agora, que é a “Quanto Vale?” pela reparação.

 

Cleber:

Maravilha Larissa, sua pesquisa é muito importante, e eu queria agora nesse encerramento te convidar a dar as suas considerações, deixar aí aberto para você trazer algo a mais, de tudo o que você já trouxe até agora.

 

Larissa:

Obrigada Cléber pela conversa, eu acho que foi ótimo, está sendo ótimo essa oportunidade de fazer parte do Programa Saberes com essa pesquisa.

E eu estava refletindo muito sobre como é muito diferente, né?

Você fazer uma pesquisa às vezes mais sozinha, ou seja, esse tema ele poderia ser pesquisado num contexto onde cada bolsista faria o seu e não teria essa construção conjunta de saberes que é a proposta do programa.

Eu acho que eu tenho bastante a agradecer, me sinto muito acolhida e valorizada mesmo, tendo esse espaço de troca com você, com os outros bolsistas, com a equipe da Rede Comuá.

É um trabalho que tem me motivado bastante a fazer parte.

Muito obrigada pela conversa e estou animada para ver o resultado dessa nossa temporada do Podcast do Programa Saberes. 

 

Cleber:

É isso, até mais!

 

Encerramento:

Esse foi o primeiro episódio da Temporada Saberes do Podcast Comuá, Filantropia que Transforma. 

O Programa Saberes fomenta a produção de conhecimento que sistematiza práticas da filantropia comunitária e de justiça socioambiental, demonstrando sua potência para fomentar a transformação social. 

O podcast Comuá, é uma realização da Rede Comuá.

Roteiro, produção e captação, da equipe executiva da Rede Comuá.

Edição do estúdio Ybori.

Disponível nos principais agregadores de podcasts e no site redecomua.org.br

Até o próximo episódio!

 

Host: Cléber Rodrigues

Entrevistada: Larissa Ferreira

 

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