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Coordenadora executiva da Rede participa de episódio do podcast Aqui se faz, AQUI SE DOA!, do MOL

Por Camila Guedes

Nesta terça-feira, 01 de fevereiro, foi lançado o 53º episódio do podcast Aqui se faz, AQUI SE DOA! do Instituto MOL. Dando início a comemoração do Dia Mundial da Justiça Social, celebrado em 20 de fevereiro, o programa abordou o tema no contexto brasileiro e contou com a participação de Graciela Hopstein, coordenadora-executiva da Rede. A data foi instaurada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2015 e visa a reflexão e lembrança sobre a temática.

Em sua participação, Graciela deu um panorama sobre a Justiça Social no Brasil, que vem avançando de forma relevante em diversas agendas relativas aos direitos humanos e minorias políticas, com a contribuição de doações de diversos setores e atores às organizações e coletivos da sociedade civil. Contudo, a coordenadora destacou um significativo retrocesso nas políticas públicas nessa área, não apenas no Brasil, mas no âmbito internacional.

“Estamos vivendo um retrocesso significativo no âmbito das políticas públicas no campo social no contexto deste governo. (…) Temos um duplo movimento: da instalação dessas agendas (de direitos humanos) e de ameaça significativa às populações envolvidas, como por exemplo às populações indígenas, quilombolas, sociedade civil como um todo, pautas vinculadas às mudanças climáticas, etc. (…) vemos no mundo todo esse movimento, mas acredito que essa é uma resposta à onda conservadora que vivemos (…)”, afirma Graciela.

O debate levantou o ponto sobre o desenvolvimento da cultura de doação nacional. Durante o primeiro momento da pandemia, houve um acentuado aumento do número de doações, mas desde o segundo ano da crise, ocorreu uma significativa queda que se estende até o atual momento.

Para Graciela, este é ainda um grande desafio: “O perfil de doação da sociedade brasileira é se mobilizar, de forma geral, perante as catástrofes. Eu vejo que, na verdade, estamos dando pequenos grandes passos. Algumas das doações feitas no começo da pandemia tentaram criar uma ideia de continuidade, como por exemplo a experiência do Itaú Unibanco que criou um fundo patrimonial de 1 (um) Bilhão, que tem a ideia de permanecer. Qualquer processo de transformação não se faz de um dia para o outro. Existem hoje, no campo da filantropia e da sociedade civil, movimentos trabalhando para desenvolver e fortalecer a cultura de doação (…) o Dia de Doar (Giving Tuesday), que vem crescendo de forma bastante expressiva, o Movimento pela Cultura de Doação, a própria Rede e o GIFE estão abraçando a causa da doação de maneira permanente (…) Mas ainda estamos engatinhando, considerando o potencial que o Brasil tem.

A coordenadora abordou ainda as diferentes formas de doação que existem e que são orquestradas dentro das próprias comunidades e movimentos, muitas de maneira ancestral, e que não alcançam visibilidade como aquelas feitas por grandes empresas e atores da filantropia. Estas iniciativas produzidas nos territórios alcançam diversas ações, coletivos e indivíduos onde a filantropia tradicional não chega.

“Os movimentos negro e indígena, por exemplo, conseguem há anos criar dinâmicas de doação para alavancar suas próprias atividades (…) Existem muitas iniciativas no Brasil, que são de pequenas comunidades, como as quilombolas, indígena e de agricultura familiar, que tem todo um trabalho colaborativo de doação de tempo, de bens, que colocam dinheiro do seu próprio bolso para comprar materiais (…) comunidades negras já se organizavam há anos atrás para comprar as “alforrias” para pessoas escravizadas.”

(…) precisamos ter um olhar para essas iniciativas, que foram inclusive alavancadas com a economia solidária, uma política pública muito relevante implantada entre os anos 2003 e 2016 que contribuiu para a criação de fundos rotativos e bancos comunitários. Precisamos olhar para estas experiências.”, afirma a coordenadora.

O episódio falou também sobre a participação da geração mais jovem que, em grande parte, se mostra engajada na defesa das causas sociais, principalmente com a existência das ferramentas digitais que auxiliam a reunir os movimentos.

“ (…) temos todos esses movimentos que estão na agenda, que estão no cenário político, que estão nas ruas e que são conduzidos principalmente por jovens. São os que realmente têm a capacidade de conduzir processos de transformação. As mídias sociais abriram diversas portas (…) É impossível hoje pensar em protagonismo dos movimentos sociais sem considerar o engajamento de jovens, porque são eles/elas que recriam o tempo todo as agendas e as dinâmicas dos movimentos. A juventude que temos hoje é muito interessante, porque traz elementos novos, onde a comunicação é uma estratégia absolutamente relevante e as mídias sociais facilitam isso (…) É uma juventude que tem conexão com o regional, América Latina e com o mundo.”, pontua a coordenadora.

Escute já o episódio completo, disponível nas plataformas Spotify e Youtube do podcast.

Acesse:

https://open.spotify.com/episode/6y5aFxRcntnQTzvLVJdN5t

https://www.youtube.com/watch?v=nvbsGpapw10

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